Nº 0916 - OS PASSOS DA BORBOLETA ZARAH - SÉRIE: FÁBULAS DE MAYANDEUA



 

No coração da mata de Maya, onde a luz solar se infiltrava timidamente entre as copas das árvores, existia um mistério delicado e fascinante: os passos de uma borboleta. Pequenas pegadas, como se moldadas com pétalas coloridas ou pinceladas de luz, adornavam o chão coberto de musgo e flores de bacuris caídas. Essas marcas pareciam narrar histórias silenciosas de criaturas que passavam por ali.

Cada passo daquela borboleta era uma obra-prima, com tons vibrantes que oscilavam entre o dourado do entardecer de Maya. Diziam os guaxinins que essas marcas eram deixadas por Zarah, a borboleta azul. Esta, em seu contato com o mundo físico, criava rastros encantados para aqueles que tinham o coração voltado para a proteção das matas e animais da ilha. Durante seus voos e suas danças graciosas pelo vento de fora, ela desenhava padrões invisíveis no ar e depositava fragmentos de magia dos encantados da ilha ao chão.

Aqueles que tinham a sorte de encontrar esses passos eram como escolhidos pela mata. As pegadas formavam trilhas que serpenteavam por entre as árvores, conduzindo os exploradores a lugares onde a magia da natureza florescia de forma extraordinária. Seguir esses rastros era como aceitar um convite silencioso para desvendar os segredos mais profundos de Mayandeua.

Diziam que cada caminho percorrido revelava um destino único. Em alguns casos, os passos levavam a círculos perfeitos de flores que pareciam dançar em harmonia, como se o vento fosse um maestro invisível. Em outros, os rastros conduziam a uma clareira iluminada por raios de sol dourado, onde outras borboletas mágicas realizavam um balé; seus movimentos refletiam a luz em uma explosão de cores.

Havia também trilhas que culminavam em uma fonte ao centro da ilha. A água da fonte não era comum: era um local de renovação, onde aqueles que mergulhavam suas mãos sentiam-se revigorados, como se uma parte do encanto da mata lhes tivesse sido transmitida. Os passos da borboleta Zarah não eram apenas um mistério, mas um lembrete da beleza e da magia presentes nas pequenas coisas. Eles desafiavam a imaginação e convidavam os exploradores a olhar além do óbvio, a perceber que a natureza de Maya guardava segredos profundos e maravilhas infinitas.

Mesmo para aqueles que não podiam seguir os rastros, os passos de Zarah permaneciam como símbolos de esperança e maravilha. Eles sugeriam que, mesmo nas trilhas mais comuns da vida, há caminhos encantados esperando para serem descobertos — para aqueles dispostos a enxergar com o coração e a alma abertos.

Moral da história: Às vezes, os maiores encantos não estão nas coisas grandiosas, mas nos pequenos sinais deixados pelo caminho — basta ter olhos sensíveis e alma desperta para reconhecê-los.

- Assim narrou  Primolius!


FIM

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Projeto Literário e Musical Primolius Nº 0916


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