* N° 0908 - O SILÊNCIO DAS FLORES - SÉRIE: CRÔNICAS DE MAYANDEUA - JÁ EM POCKET-ZINE

 Nos campos minados, onde o silêncio parece mais pesado que o ar, cada passo é cercado por uma incerteza sufocante. O solo esconde feridas invisíveis, traços de destruição que aprisionam o ambiente em uma atmosfera de medo. O vento, que deveria correr livre e sussurrar histórias de vida, silencia, como se até ele temesse o próximo movimento. É um lugar onde a dor ecoa no vazio, e o tempo parece suspenso em uma espera amarga.

No entanto, mesmo diante desse cenário devastador, a natureza, com sua sabedoria silenciosa e suas energias diárias, mostra o caminho da regeneração. Surge um gesto inesperado: flores que brotam em meio aos escombros, como pequenos faróis de vida que desafiam a escuridão. Elas não surgem apenas por acaso, mas como símbolos da Liberdade que a natureza sempre oferece — uma liberdade que insiste em florescer, mesmo onde o medo tenta sufocar.

Essas flores, nutridas pelas forças invisíveis que regem o cosmos, nos ensinam que a vida é um ciclo contínuo de renovação. Elas desabrocham com a coragem de quem sabe que a vida deve seguir adiante, e em suas pétalas, vemos a manifestação do espírito livre da natureza, que não se curva às circunstâncias. A cada amanhecer, a energia do sol, a brisa da manhã, e até mesmo o silêncio da noite ensinam, de maneira sutil, que a liberdade está no movimento perpétuo da vida.

E em meio a esse renascimento silencioso, surge o Homem, não como um agente de destruição, mas como um salvador e regenerador. Ele, inspirado pela força da natureza, encontra sua vocação em reparar, restaurar. O homem que antes observava o caos ao seu redor, agora compreende que tem um papel vital: o de curar as feridas abertas, transformar campos minados em solos férteis e regenerar as ações que antes o afastavam da harmonia com o mundo natural.

Ele aprende, com cada folha que brota, que o poder de criar está nas suas mãos, que as energias diárias da natureza estão ali para guiá-lo. Com suas ações, o Homem se torna parte da regeneração, limpando os campos, plantando novas sementes de esperança, e permitindo que a vida floresça novamente. Não é mais apenas espectador, mas um participante ativo, trazendo de volta a paz, a harmonia e o equilíbrio.

Nos campos antes devastados, a natureza e o homem, juntos, trabalham em uma nova sinfonia. As flores que desabrocham são mais do que um lembrete de que a vida persiste — elas são o símbolo da cooperação entre o poder transformador da natureza e a capacidade humana de criar, proteger e salvar. O silêncio da dor começa a ser substituído pelo som suave do crescimento, e os campos, antes marcados pela destruição, agora prometem uma nova vida.

Que a liberdade que nasce dessas flores possa transformar não apenas os campos, mas os corações. Que o homem, como salvador, se lembre sempre de seu poder de regenerar, aprendendo com as energias diárias da natureza a criar um futuro onde o amor, a esperança e a paz floresçam em cada canto da Terra.

Nos campos minados,

O silêncio da dor...

- Flores desabrocham a paz.  

- Mayandeua trabalhando com as suas abelhas! 


FIM

Copyright de Britto, 2023

Projeto Literário e Musical Primolius Nº 0908

Mensagens populares