* N° 0898 - NOITES DE MAYANDEUA - SÉRIE: CRÔNICAS DE MAYANDEUA

 

Sabiamente, a estrela principal do dia, o sol, encerra sua jornada, deslizando lentamente para além do horizonte da Princesa. Como um artista em seu ato final, ele tinge o céu com nuances de dourado, laranja, criando uma tapeçaria viva que muda a cada instante. As sombras se alongam, abraçando suavemente as paisagens e as casas adormecidas, enquanto o mundo se prepara para o mergulho silencioso na noite.

Nas pedras da praia, o marulhar das ondas, enquanto  os pássaros encontram refúgio os mangueiros. Suas pequenas canções se aquietam, e em seus olhos cansados há uma promessa de descanso. Cada pedra  ou folhas é um abrigo temporário, um porto seguro onde as asas  e adadeiras podem se fechar por um breve momento, até que o novo dia os chame de volta ao céu. É a transição perfeita, onde o dia sussurra seu adeus e a noite desperta com sua presença misteriosa e serena.

No céu, as primeiras estrelas surgem tímidas, como pequenas faíscas que brotam da escuridão. Cada uma parece ter uma história para contar, uma lembrança antiga guardada para quem quiser ouvi-la. Elas se acendem lentamente, até que todo o firmamento se transforme em um manto brilhante, um mapa celeste de Mayas  para viajantes e sonhadores. Com a chegada do crepúsculo, o silêncio se instala como uma melodia suave, convidando os corações inquietos a encontrarem calma e reflexão. É o momento em que os pensamentos, antes dispersos pelas atividades do dia, se reúnem em serenidade. O vento leve sussurra segredos antigos entre as árvores, e o mar, com suas ondas ritmadas, entoa uma canção de carimbó direcioado uma eterna  renovação de sons.

A noite avança, cobrindo o mundo com seu manto escuro e acolhedor. Mas, mesmo na escuridão mais profunda, há sempre uma luz. Seja no brilho das estrelas ou na promessa do novo amanhecer, o universo nos lembra que cada noite é apenas uma pausa na jornada, uma oportunidade de descanso de braços e pensamentos. No silêncio da ilha, quando todos os sons parecem distantes, a alma encontra um espaço para respirar. É nesse intervalo, entre o sono e o despertar, que se percebe a verdadeira beleza da vida: o equilíbrio perfeito entre luz e sombra, entre o fim e o recomeço. E assim, como em um ciclo eterno, a chegada da noite nos convida a desacelerar, a observar, a contemplar. Ela nos ensina que não é preciso temer a escuridão, pois até mesmo nela há beleza, quietude e a promessa de uma nova manhã à espera, logo além do horizonte.

- E lá adiante...

Os Portais esperam o seu poema tempo!


 FIM

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Projeto Literário e Musical Primolius Nº 0898

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