* N° 0883 - SOB AS RAÍZES DAS PALAVRAS - SÉRIE: CRÔNICAS DE MAYANDEUA

 



A poesia não é um luxo, mas uma necessidade – uma bússola silenciosa que orienta a alma pelos labirintos da vida. Em cada experiência que nos molda, há algo que escapa ao alcance das palavras diretas. São verdades escondidas, como estrelas que brilham para além do que os olhos conseguem captar. É pela poesia que essas verdades se desvelam, em fragmentos de luz que iluminam caminhos antes invisíveis.  

Assim como as raízes de uma árvore mergulham fundo para buscar nutrientes, somos feitos de histórias que nos sustentam, de perspectivas que nos ampliam. A poesia, com sua precisão e delicadeza, nos ensina a olhar para o mundo por ângulos novos, a encontrar significados nas águas calmas ou revoltas do tempo. O tempo, fluido e imprevisível, traz suas lições como as marés – às vezes em sussurros, outras em ondas avassaladoras.  

As rotas do mar nos ensinam que as estrelas não estão no céu apenas para brilhar. São faróis naturais, guias que, noite após noite, mostram o caminho aos navegantes. Assim é a poesia: um mapa para o coração, que, como Mayandeua, a ilusão reveladora, nos conduz a verdades profundas. Ela nos conecta ao invisível, aos mistérios do existir, e traduz o que a razão não consegue alcançar.  

Das raízes da vida brotam flores que desabrocham em cores sempre novas. Assim também surgem os versos poéticos, revelando caminhos que ligam o humano ao espiritual, o real ao imaginário. Cada poema é uma ponte, um convite a transitar entre o conhecido e o desconhecido, entre a simplicidade de um instante e a complexidade do infinito.  No balanço de uma rede sob a lua cheia ou nas marés agitadas do cotidiano, a poesia emerge como uma força viva. Ela traduz a essência do que somos, moldando nossas almas, assim como o vento molda o mar e as marés redesenham as praias. Nos momentos de escuridão, ela acende pequenas luzes. Nas horas de calmaria, ela dá sentido ao silêncio.  

A poesia é o vento que impulsiona o barco, o farol que guia o navegante, o solo onde germinam as sementes do nosso entendimento e dos mangueiros . Ela nos lembra que, apesar das tempestades e dos desafios, há sempre algo belo esperando para ser descoberto, sempre um horizonte à espera de ser alcançado.  

Mais do que necessária, a poesia é essencial. É o elo que nos une às histórias que carregamos e às verdades que buscamos. Com cada verso, enfrentamos a vida com coragem e graça, transformando o ordinário em extraordinário. É pela poesia que seguimos, navegando entre palavras e silêncios, descobrindo que, no fundo, somos todos viajantes de um mesmo oceano, unidos pela beleza das histórias que nos definem... 

- Humanos Poéticos!


FIM

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Projeto Literário e Musical Primolius Nº 0883





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