* Nº 0878 - TEMPO FLUTUANTE DE ELYSY - SÉRIE: CRÔNICAS DE MAYANDEUA

 


Ao desembarcar na Ilha de Algodoal, Elysy sentiu como se tivesse atravessado uma porta do tempo. O som das ondas embalava sua chegada, enquanto o vento sussurrava segredos antigos em seus ouvidos. A areia sob seus pés, macia como um algodão que se desfaz ao toque, parecia convidá-la a deixar para trás qualquer vestígio de pressa. Ali, o tempo não corria; ele se espreguiçava, tomando seu próprio ritmo.

Elysy, uma turista em busca de algo mais que simples paisagens, estava pronta para se perder nos momentos. Sabia que cada esquina de Algodoal guardava uma história, uma lenda, e queria sorver cada uma delas. Ao caminhar pelas ruas de areia, seus passos encontravam resistência e liberdade ao mesmo tempo. A falta de asfalto, uma ausência tão presente, justificava a pureza daquele lugar. Sem pressa, ela se permitiu viver cada instante, como se soubesse que as lembranças daquele dia um dia se tornariam saudades doces, porém pungentes.

Ao chegar à Praia da Princesa, Elysy se encantou com o espetáculo natural que se desenrolava diante dela. A maré, ora tímida, ora audaciosa, brincava com as dunas como se fossem velhas amigas. O céu, tingido de azul e dourado, parecia uma tela em constante mutação, uma obra de arte que se renovava a cada segundo. Elysy sentiu-se pequena diante de tanta beleza, mas ao mesmo tempo grandiosa por estar ali, naquele exato momento, como parte da criação.

Ela mergulhou nas águas mornas, sentindo o sal da vida impregnar sua pele. Cada onda que quebrava ao seu redor trazia uma sensação de renascimento, como se a ilha a batizasse, renovando suas forças e esperanças. Elysy sabia que aqueles momentos se tornariam memórias preciosas, lembranças que ela guardaria em um lugar especial de sua mente, revivendo-as sempre que o cotidiano a sufocasse.

Ao cair da tarde, enquanto o sol se despedia em um espetáculo de cores, Elysy percebeu que a beleza de Algodoal não estava apenas na paisagem, mas na simplicidade das ações que se desenrolavam ali. Era o pescador que remendava sua rede com cuidado, o riso das crianças brincando na areia, a conversa despreocupada dos moradores à sombra das árvores. Tudo parecia justificar a vida como ela é, sem artifícios ou pressa.

Naquela noite, ao deitar-se em uma rede e observar as estrelas, Elysy entendeu que a Ilha de Algodoal havia lhe dado muito mais do que ela esperava. Ela a ensinara a valorizar cada momento, a intensificar cada experiência, a viver sem medo de errar ou acertar, mas simplesmente viver. Sabia que, um dia, aquelas lembranças trariam saudades, mas eram saudades que ela acolheria com um sorriso, pois havia vivido plenamente cada segundo na ilha. E, no fim, era isso que importava.

- Mais coisas da ilha! 


FIM

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Projeto Literário e Musical Primolius Nº 0878

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