*Nº 0876 - O REFÚGIO DAS ANDORINHAS - SÉRIE: CONTOS DE MAYANDEUA
A brisa marítima sussurrava as suas onomatopeias, enquanto as andorinhas, exaustas de sua longa travessia, se aproximavam da ilha. O outono se anunciava nas cores flamejantes do céu, onde o sol poente abraçavam essas viajantes incansáveis. Suas asas, marcadas pela distância percorrida, batiam suavemente, com a serenidade de quem conhece os segredos dos ventos e a persistência das estações.
Elas vinham de terras distantes, onde os dias se estendiam e os sonhos se transformavam em novas rotas, traçadas no ar. Em seus olhares, o brilho das estrelas que as guiaram durante os voos noturnos reluzia, enquanto seus pequenos corpos carregavam o peso de invernos rigorosos e primaveras sonhadas. Ao avistar a ilha, souberam que ali poderiam repousar, reencontrar a força perdida e, talvez, voltar a sonhar. A ilha de Mayandeua, com sua vegetação e lagos, era um convite ao descanso. Embora desgastadas pela jornada, as andorinhas ainda mantinham esperança nos olhos. Sabiam que a ilha oferecia mais do que abrigo: ali, o tempo parecia desacelerar, permitindo que as memórias se entrelaçassem com a brisa suave e as canções do mar.
Ao sobrevoar as praias, as andorinhas eram saudadas pelos cantos dos pássaros nativos, muitos deles residentes permanentes da ilha, que, de certa forma, invejavam a liberdade das visitantes. Mas nem sempre a chegada era pacífica. Algumas andorinhas enfrentavam ataques de aves territoriais, que viam nas recém-chegadas uma ameaça. Contudo, a resiliência das andorinhas era notável; elas se uniam, desenhando no céu figuras que pareciam dançar ao ritmo do vento, desviando dos perigos e mostrando a força da união. Finalmente, após superar as adversidades, as andorinhas encontravam repouso. Pousavam suavemente nos galhos das árvores que circundavam os lagos, onde o reflexo do céu se encontrava com a serenidade das águas. Ali, seus corpos relaxavam, e seus sonhos, antes distantes, começavam a ganhar forma novamente. O canto das andorinhas ecoava pela ilha, preenchendo o ar com uma melodia de esperança.
Era um canto de persistência, mas também de renovação. As andorinhas, apesar do cansaço, traziam consigo a promessa de novos verões, de dias mais longos e voos mais altos. Naquele breve momento de descanso, a ilha se tornava o palco de uma celebração silenciosa, onde a natureza reconhecia a coragem das pequenas viajantes e, em troca, oferecia-lhes o conforto de um repouso merecido. E assim, enquanto o sol lentamente desaparecia no horizonte, as andorinhas voltavam a sonhar. Elas sabiam que, em breve, seria hora de partir, de continuar sua jornada, mas, até lá, a ilha lhes oferecia um lugar para renovar suas forças e reacender a chama da esperança.
Com o cair da noite, as andorinhas repousavam em silêncio, ouvindo o suave sussurro do mar e o farfalhar das folhas ao vento. de Algodoal e Mayandeua E, naquele canto do mundo, as tardes continuavam a ser animadas pelo voo das andorinhas, que, embora pequenas e frágeis, carregavam consigo a força dos sonhos e a promessa de novos amanheceres.
- Outros pássaros chegando no horizonte!
- Ares destas ilhas encantadas!
FIM
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Projeto Literário e Musical Primolius Nº 0876