* Nº 0867 - ENTRE FORMIGAS - SÉRIE: CONTOS FANTÁSTICOS DE MAYANDEUA
O abraço das ondas libertou no ar um sopro de vida, desfazendo a monotonia que se estendia por dias iguais. O mundo aos pés do vento, que trazia aos telhados de palha a suavidade de uma tarde em um lugar clandestino. Era uma cena serena, onde o silêncio se mesclava com os uivos das horas mortas, ecoando perto da duna mais alta. Ali, naquele refúgio escondido, a brisa do verão chegava com a destreza de jacintas coloridas, pintando o cenário com um toque de magia. A cada sopro do vento, sentia-se o afago suave do calor, como se o tempo parasse para contemplar aquele momento de tranquilidade.
O verão, com sua leveza encantadora, trazia consigo um mistério. Os dias passavam devagar, embalados por abraços clandestinos que suavizavam os encontros da vida. Cada encontro escondido era um segredo compartilhado entre as ondas e a areia, uma dança silenciosa de afetos proibidos.Desfazendo o sereno e o mar, o tempo se desdobrava em momentos efêmeros e preciosos. O mundo de Maya, repleto de ilusões e encantamentos, se revelava nas pequenas coisas: no brilho de um sorriso, no toque de uma mão, no sussurro do vento que contava histórias quase esquecidas.
Era um lugar onde a realidade e a fantasia se encontravam, criando um cenário onde tudo parecia possível. Os encontros, como personagens de um conto de fadas, encontravam no esconderijo das dunas a liberdade para serem quem realmente eram, longe dos olhares julgadores do mundo. Naquele verão, a vida parecia mais leve, mais colorida, mais cheia de promessas. Cada instante compartilhado era uma prova de que a felicidade podia ser encontrada nos lugares mais inesperados. E assim, naquele pequeno paraíso, o tempo se desfazia, revelando a beleza de um mundo onde os sonhos se tornavam realidade.
Num canto especial daquela ilha, uma formiga e um besouro viviam suas próprias aventuras. A formiga, diligente e trabalhadora, encontrava no besouro um companheiro inusitado. Juntos, exploravam cada canto daquele refúgio, descobrindo trilhas escondidas e apreciando a beleza das dunas. A formiga admirava a força e a calma do besouro, enquanto ele, por sua vez, se encantava com a determinação e a coragem da pequena amiga.
Durante aquelas tardes de verão, a formiga e o besouro compartilhavam momentos de pura conexão. O vento suave embalava seus encontros, enquanto eles trocavam confidências e descobriam as maravilhas daquele lugar. Cada abraço que compartilhavam era um testemunho silencioso da amizade que florescia entre eles, uma amizade que transcendia as diferenças e se fortalecia com cada nova descoberta. Certa vez, a formiga e o besouro encontraram uma caverna escondida na base da duna mais alta. Ali, abrigados do vento, descobriram um jardim secreto repleto de flores exóticas e borboletas. A formiga, maravilhada com a beleza ao seu redor, sentiu uma nova admiração pelo mundo, enquanto o besouro contemplava a cena com um sorriso sereno.
Ao final da estação, quando as jacintas começavam a perder suas cores vibrantes e o vento esfriava, restavam as lembranças de um verão inesquecível. Os abraços clandestinos, os encontros de vida, as tardes de serenidade. Tudo isso guardado na memória como um tesouro precioso, lembrando que, mesmo nas horas mais silenciosas e mortas, há sempre um sopro de vida pronto para nos surpreender.
O outono chegou, trazendo consigo novas aventuras. A formiga e o besouro, agora inseparáveis, continuavam suas explorações, descobrindo novos recantos da ilha e compartilhando cada descoberta com entusiasmo renovado. A amizade entre eles, fortalecida pelo verão, florescia a cada dia, lembrando que a beleza da vida está nos pequenos momentos e nas conexões que fazemos ao longo do caminho.
Assim, a ilha, com suas dunas e ventos, continuava a ser um refúgio de tranquilidade e magia, um lugar onde os sonhos se encontravam com a realidade e onde cada estação trazia novas possibilidades e promessas de felicidade.
- Vida de insetos de Maya e Algodoal!
- No vento...
- Insetos planando ou surfando?!
- Mundo " de aqui!"
FIM
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Projeto Literário e Musical Primolius Nº 0867