*Nº 0832 - A VISITA DOS ENCANTADOS EM MAYANDEUA - SÉRIE: CONTOS FANTÁSTICOS DE MAYANDEUA
Naquela manhã, o sol iluminava a ilha de maneira incomum. As luzes e as cores que a adornavam pareciam vivas, pulsando com uma magia ancestral. As marés, suaves e ritmadas, sussurravam à medida que a maré subia lentamente, trazendo consigo uma chuva fina que caía no mar, transformando a superfície aquática em um manto cintilante. Dizem que, nas noites de chuva no mar, os portais se abrem. E foi em uma dessas noites, enquanto a chuva caía delicadamente sobre as ondas, que os seres encantados começaram a emergir. Primeiro, vieram as sereias, suas vozes etéreas misturando-se com o som das gotas de chuva e do marulhar das ondas. Seus cabelos brilhavam com as cores da magia da ilha, e seus olhos, profundos como o oceano, refletiam segredos não ditos.
Na praia, perto das dunas, onde a areia se misturava com a maresia, os portais começaram a brilhar. De dentro deles, surgiram os Mapinguaris, imponentes e misteriosos. Com seus olhos únicos e peles rústicas, caminhavam em silêncio, seus passos ecoando como batidas de tambor em um ritmo primitivo e poderoso. Eram guardiões da ilha, protetores daquelas matas e criaturas que ali viviam.
E, então, vieram as feiticeiras. Envoltas em mantos de cores vibrantes, suas presenças irradiavam uma aura de poder e sabedoria. Seus olhos, cheios de conhecimento e história, varriam a praia com um olhar penetrante através de seus assuvios, como se estivessem à procura de algo. Ou talvez de alguém. Eram elas que, em tempos antigos, haviam trançado os feitiços que protegiam a ilha, garantindo que sua magia permanecesse intacta e impenetrável para aqueles que não eram bem-vindos.
A chuva, cada vez mais intensa, parecia amplificar a magia do momento. As luzes dos portais, intercaladas com os relâmpagos que cortavam o céu, criavam um espetáculo de cores e sombras. As sereias cantavam mais alto, suas melodias agora carregadas de uma emoção profunda e antiga, como se estivessem convocando algo do fundo do mar. Os Mapinguaris, imóveis, observavam atentos, enquanto as feiticeiras começavam a entoar outros tipos de sons em uma língua esquecida pelo tempo.
Foi então que, do mar, surgiu uma figura diferente de tudo o que já se havia visto. Um ser, metade humano, metade criatura do oceano, com escamas que refletiam todas as cores da ilha. Seus olhos brilhavam com uma luz própria, e seu sorriso era ao mesmo tempo enigmático e acolhedor. Ele avançou pela água, caminhando em direção à praia, onde os encantados esperavam. O encontro de encantados naquela noite foi um momento de união e celebração. As sereias cercaram o novo-venuto, suas canções agora suaves e acolhedoras. Os Mapinguaris, em um gesto de reverência, inclinaram suas cabeças, reconhecendo o poder e a importância da nova criatura. As feiticeiras, com um brilho nos olhos, saudaram-no com palavras de boas-vindas, reconhecendo nele o elo perdido entre a terra e o mar.
A chuva continuou a cair, criando um ritmo hipnótico que embalava a cena mágica. Os portais, ainda abertos, pulsavam com uma energia vibrante, enquanto a luz e as cores da ilha pareciam dançar ao redor dos encantados. Naquele momento, a magia da ilha estava mais forte do que nunca, unindo todas as suas criaturas em um laço de harmonia e paz. A noite avançou, e os encantados continuaram sua celebração, conscientes de que aquele encontro marcava o início de uma nova era. Uma era em que a magia da ilha, reforçada pelo encontro de encantados e pela chuva no mar, garantiria que a harmonia e a proteção da ilha continuassem a prosperar. As luzes e as cores, símbolos da magia que permeava o lugar, eram uma promessa de que, independentemente do tempo que passasse, a ilha e seus encantados continuariam a brilhar, como uma joia rara no vasto oceano.
E assim, sob a chuva que caía no mar e a lua que iluminava o céu, a ilha se preparava para um novo amanhecer, carregado de promessas, magia e eternidade.
- Dizem que esta reunião foi sobre o futuro destas ilhas!
- Em breve saberemos...
FIM
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Projeto Literário e Musical Primolius Nº 0832