*Nº 0830 - O ROMANCE DAS JACINTAS DO LAGO DA PRINCESA - SÉRIE: CONTOS DE MAYANDEUA
No horizonte do Lago da Princesa, onde os raios de sol dançam sobre as águas calmas, seres úmidos proliferam em um espetáculo de vida e renovação. É nesse cenário de tranquilidade e beleza que as jacintas se encontram, em um delicado ritual de amor. As margens do lago, adornadas por uma vegetação exuberante de cajueiros e ajirús , tornam-se o palco perfeito para esse romance alado, onde a natureza celebra sua própria existência. Com suas asas translúcidas e corpos delicados, as jacintas pairam sobre a superfície da água, criando um balé aéreo de graça e elegância. Seus movimentos suaves e cadenciados são como uma dança de carimbó, onde cada gesto é carregado de significado e ternura. As cores iridescentes de suas asas refletem a luz do sol, formando um espetáculo de brilhos multicoloridos que hipnotiza qualquer observador atento.
O encontro das jacintas não é apenas um ato de sobrevivência, mas uma expressão de beleza e harmonia. Elas se aproximam lentamente, seus corpos vibrando em uníssono, como se sentissem a melodia silenciosa da natureza. O ar ao redor delas parece pulsar com uma energia sutil, uma vibração que transcende o simples ato físico e se transforma em uma dança de almas. No calor do sol poente, as libélulas entregam-se ao êxtase do amor, entrelaçando-se em um abraço de asas e corpos que se fundem em uma união sagrada. É um momento de intimidade e conexão, onde o mundo ao redor desaparece, restando apenas o pulsar dos corações e o zumbido suave das asas. Nesse abraço, elas compartilham mais do que apenas o espaço físico; elas compartilham sonhos, esperanças e a essência de suas existências.
Para quem observa esse espetáculo de amor no horizonte do lago, há uma sensação de reverência e encantamento. É como se as jacintas, com sua simplicidade e beleza, nos lembrassem da importância do amor e da conexão em um mundo muitas vezes marcado pela frieza e pela indiferença. Elas nos ensinam que, mesmo nas condições mais humildes, a vida pode ser repleta de momentos de pura beleza e significado. E assim, enquanto o sol se despede no horizonte e a noite começa a envolver a paisagem, as jacintas continuam a dançar sob a luz natural das estrelas de Algodoal, celebrando o eterno ciclo do amor e da vida. No silêncio da noite, quebrado apenas pelo murmúrio do bacural, as libélulas permanecem como guardiãs de um segredo antigo, um segredo que fala da beleza da vida e da importância de cada momento compartilhado. E assim, no horizonte do Lago da Princesa, o romance das libélulas continua, eternamente renovado em cada encontro, em cada dança, em cada abraço.
- E lá no fundo do lago os Encantados dormem...
FIM
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Projeto Literário e Musical Primolius Nº 0830