*Nº 0811 - FLORES AO VENTO - SÉRIE: CRÔNICAS DE MAYANDEUA
Na memória de Ysefa, não existiam lugares onde o frio pudesse penetrar, pois ela acreditava que as flores necessitavam do calor para desabrochar em toda a sua exuberância. Em sua visão, todos nós deveríamos carregar um Sol em nossas bolsas, não simplesmente celulares, como se fossem substitutos frios e artificiais da verdadeira luz que aquece a alma.
Ela sonhava com um mundo onde o sorriso fosse genuíno, desprovido das selfies cotidianas que capturam apenas a superfície das emoções, mas não a essência da felicidade. Na memória de Ysefa, em algum lugar deste vasto mundo, deveriam existir sementes de liberdade, capazes de brotar e florescer em gestos simples de doação e generosidade, onde as flores seriam oferecidas de forma natural, como símbolos de amor e apreço.
Para Ysefa, todas as torres e seus fios deveriam ser adornados com milhares de pássaros, entoando melodias de liberdade e esperança a cada aeronave que cortasse os céus, a cada "Ícaro" que desafiasse os limites impostos pela gravidade. Pois, afinal, todos nós precisamos alimentar nossos sonhos, voar além das amarras do cotidiano e alcançar as estrelas que brilham no firmamento.
E, por fim, Ysefa desejava que o frio também sentisse frio, que o vento sagrado do mar carregasse suas palavras e as espalhasse pelo mundo, como sementes de um novo amanhã, onde o calor do amor e da compaixão derreteria as geleiras da indiferença e aqueceria os corações que se encontram perdidos na escuridão.
Que as palavras ao vento de um sagrado mar ecoem para além do tempo e do espaço, inspirando-nos a semear os jardins da vida com os frutos do amor e da esperança, para que um dia, na memória de todos, floresça um mundo onde a luz da verdadeira humanidade brilhe eternamente.
- Primolius assim relatou esta crônica para um turista que passava férias nas ilhas.
- Ysefa a borboleta!
FIM
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Projeto Musical e Literário Primolius N° 0811