*Nº 0810 - ECO URBANO - SÉRIE: CRÔNICAS DE MAYANDEUA
Nesse contexto, a crônica do cotidiano revela um cenário onde o riso se torna uma mercadoria trocada entre os telespectadores anônimos dos táxis e ônibus, enquanto os donos da cidade, aqueles que deveriam zelar pelo bem-estar de seus habitantes, são relegados ao papel de meros obstáculos no trânsito frenético das grandes metrópoles.
Para muitos, a presença da poesia, das árvores e dos pássaros se torna dispensável, pois são considerados elementos que apenas atrapalham o fluxo incessante das atividades urbanas. Esse é o pensamento de Typus, o homem consumido pelo frenesi do trânsito, pelo ritmo acelerado do dia do trabalhador moderno, onde poemas e canções de amor são considerados supérfluos diante da pressa e da eficiência.
No entanto, por trás dessa fachada de praticidade e racionalidade, esconde-se uma lacuna profunda, uma ausência de conexão com a essência humana e com o mundo que nos cerca. O vazio deixado pela falta de poesia e pela ausência de contato com a natureza é uma ferida que se perpetua, corroendo lentamente a alma das cidades e de seus habitantes.
É preciso resgatar o encanto perdido, reavivar o vínculo com a beleza e a simplicidade que permeiam o universo ao nosso redor. Somente assim poderemos transcender a monotonia do cotidiano e encontrar significado nas pequenas coisas, nas melodias dos pássaros, no sussurro das árvores e nos versos que ecoam nas ruas, convidando-nos a redescobrir a magia que habita em cada esquina, em cada esgoto entupido de rios modernos.
- Tempos de águas turvas!
FIM
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Projeto Musical e Literário Primolius N° 0810