Nº 0679 - REINO DOS BICHOS DA FOLHA - CRÔNICA

 


Em um reino, onde os limites da realidade se dissolvem em brumas de mistério, ele o "Borboleto" deparou-se com um reencontro profundo: seu irmão folha. Em seus cuidados singulares, ele nutria as plantas com gestos inusitados, envolvendo-as com abraços afetuosos, beijos suaves e palavras sussurradas, tecendo um universo de harmonias e trilhas que entrelaçavam o presente ao desconhecido. Nesse jardim singular, as folhas transcendiam sua função ornamental, manifestando-se como seres sencientes que entoavam cânticos em línguas ancestrais, segredando mistérios. Ele confessou, em meio àquela atmosfera de metamorfose interior, que experimentava uma transformação profunda. Ali, as leis que regiam o mundo cotidiano cediam espaço ao domínio do inesperado, desafiando a lógica e a razão. No entanto, era precisamente nessa atmosfera enigmática que encontrava a chama da inspiração, a força motriz para concretizar os sonhos que ainda jaziam adormecidos em seu ser.

Seu irmão folha, confidente naquele jardim encantado, era uma presença restauradora. Seu perfume, impregnado da essência da natureza, o revitalizava com sua vitalidade, e sua melodia, que vinha do mar de fora, sussurrada pelos ventos das sereias, o conduzia adiante, desvendando os enigmas que permeavam seu caminho. Agradeceu por aquele encontro revelador, sabendo que a magia daquele Reino permearia eternamente sua existência, orientando-o e iluminando o trajeto rumo à completa realização de seus propósitos, desvendando os segredos que guardavam a chave para sua plenitude.

Assim no Reino da Princesa,  além dos limites do tempo e da compreensão humana, desvelou-se um reencontro transcendental: o encontro com o Irmão Folha e "Borboleto". Ali, entre as sinfonias das folhas e os suspiros da vegetação, ele se revelou como um guardião dos segredos mais profundos de sua geração de borboletas azuis, nutrindo não apenas os seus planos de voo por entre as flores. Mas, sim o reconhecimento de que  a vida sem as folhas, o mundo não precisa de azuis que voam.

- "Borboletando" palavras!    

- Sigamos o Verbo: Borboletar!


FIM

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Projeto Literário e Musical Primolius N° 0679

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