Nº 0563 - UMA FÁBULA ANFÍBIA






Era uma vez um sapo que residia em uma ilha no centro de um lago. Ele vivia contente e sereno, pois tinha à disposição tudo de que necessitava: água límpida, alimento abundante, a luz do sol e a sombra tranquila. Ele não se importava com os outros habitantes do lago, pois considerava a ilha como sua propriedade exclusiva.

Um pato aproximou-se...

"Sai daqui, pato! Esta ilha me pertence! Você não pode sequer beber água na minha ilha!"

"Calma, sapo! Vim apenas para tomar um pouco d'água e descansar. Não quero incomodar."

"Não me interessa! Esta ilha é minha e de mais ninguém! Vai embora ou eu te mordo!" (Os sapos da ilha, notáveis por seus dentes afiados)

O pato retirou-se. O sapo voltou a deitar-se em sua pedra de lodo predileta.

Em seguida, uma tartaruga chegou...

"Sai daqui, tartaruga! Esta ilha é minha! Você não pode tomar sol na minha ilha!"

"Calma, sapo! Só vim aproveitar um pouco de sol e relaxar. Não quero te atrapalhar."

"Não me interessa! Esta ilha é minha e de mais ninguém! Vai embora ou eu te chuto!" (As pernas dos sapos da ilha, desenvolvidas devido às partidas de futebol com sapos de outros lagos)

A tartaruga retirou-se. O sapo retornou à sua folhagem seca de bacurizeiro preferida.

E assim sucedeu com o peixe...

"Sai daqui, peixe! Esta ilha é minha! Você não pode nadar no lago da minha ilha!"

"Calma, sapo! Vim apenas respirar um pouco de ar (era um peixe encantado) e nadar. Não quero te ofender."

"Não me interessa! Esta ilha é minha e de mais ninguém! Vai embora ou eu te engulo!"

O peixe retirou-se. O sapo voltou a deitar-se na sua areia branquinha favorita.

Foi quando o jacaré se aproximou...

"Sai daqui, jacaré! Esta ilha é minha! Você não pode caçar na minha ilha!"

"Calma, sapo! Vim apenas para saciar minha fome. Você será meu banquete."

"Não me interessa! Esta ilha é minha e de mais ninguém! Vai embora ou eu te..."

O jacaré abriu a boca e o devorou. O jacaré ficou satisfeito e deitou-se tranquilamente às margens do lago.

E Primolius, o papagaio, observou toda a cena e relatou: "O poder, transformando até mesmo os seres mais simples"

Assim Primolius murmurou enquanto as águas calmas do lago testemunhavam a ascensão e queda daquele que acreditava ser o único dono da ilha.



FIM

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Projeto Literário e Musical Primolius Nº 0563


 



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