* Nº 0537 - INSPIRAR DE DUNAS - SÉRIE: CRÔNICAS DE MAYANDEUA
À medida que os primeiros raios de sol iluminavam as dunas, a magia daquele lugar misterioso ganhava vida. Delys, uma figura singular naquela região, caminhava com graciosidade e elegância, carregando consigo o peso da lógica das leis e a leveza das rimas em suas mãos ágeis. Enquanto as lembranças se dissipavam na névoa matinal, ela mergulhava na essência da natureza que a cercava. Cada passo que dava na alva areia era uma dança entre a rigidez das normas e a liberdade das palavras. Sua mente navegava pelas colinas com destreza, encontrando inspiração tanto para seus versos quanto para os casos complexos que enfrentava em sua profissão de coletor de significados.
As caminhadas solitárias de Delys pelas dunas serviam como uma terapia para seu espírito cansado do fardo de seu trabalho. Era ali que ele encontrava paz, olhando para o mar distante ou admirando as águas que serpeavam entre a vegetação exuberante e a restinga. As praias de areia, afagadas pelas águas, eram seu refúgio preferido, onde o mundo parecia pausar para apreciar a beleza da natureza e permitir que a inspiração fluísse em seus cadernos de anotações.
Nessas praias, Delys sentia a conexão profunda entre a humanidade e a vastidão do universo. Ele compreendia que, assim como as leis regem a sociedade, a poesia concede significado à existência. Na simplicidade da natureza, ele encontrava respostas para os enigmas que lhe eram apresentados em seu ofício, fundamentando suas decisões com a sabedoria da experiência e a doçura da imaginação. Ao longo do dia, as dunas despertavam com vida, e Delys continuava a percorrer seu trajeto, absorvendo o esplendor da natureza que a cercava. Suas palavras fluíam com o vento salgado, unindo as leis e as rimas em uma sinfonia harmoniosa de sentimentos e pensamentos.
E assim, nas dunas do desconhecido, Delys encontrava a harmonia entre a razão e a emoção, a justiça e a poesia. Ele personificava a crença de que a beleza e a verdade podem coexistir, que a natureza é uma fonte inesgotável de inspiração para a mente humana. Apesar de suas ideias abstratas sobre a vida humana, ele sempre retornava ao concreto das dunas, onde tudo fazia sentido.
Enquanto o dia se transformava em noite, Delys retornava ao seu lar por entre as dunas e o mar, carregando consigo as experiências vividas. Ao clarear novamente, ele revisitaria aquele cenário encantado, pronta para extrair mais conhecimento e beleza do mundo ao seu redor. Pois, para Delys, as dunas eram tanto seu refúgio como sua musa, um lugar onde a vida e a poesia se tornavam uma só. Em pó!
- Virou encantado.
Um de seus trabalhos....
Inspirar de dunas
O sol desponta e uma brisa suave sopra,
Trazendo os sons e cheiros da manhã.
Nas dunas vou deixar minha alma flutuar,
Enquanto a mente livre por ideias vai por aí...
Caminho leve pelas areias de sal,
Absorto na graça dos ambientes naturais.
O mar ao longe desbrava nas pedras,
As águas serenas chegam com a força de fora.
Aqui a razão se eleva sobre a emoção,
E as leis se fundem com outras palavras.
Nas ondas que beiram a brancura vasta,
Inspiração singular de liberdade.
Nas dunas do esquecer e do aprender,
Encontro a musa que faz rimar, rir e andar.
Em suas areias esqueço e aqueço o nobre tempo de viver,
E me nutro de alma aos encantos deste eterno pisar.
- Areia nos pés!
FIM
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Projeto Literário e Musical Primolius Nº 0537