SAUDAÇÕES PARA OS QUE CHEGAM Nº 0512 - CRÔNICA

 


O horizonte se estende além dos olhos, esse vasto espaço onde o céu se encontra com as águas. Não há lugar que favoreça mais os caminhos líquidos do que esse mar de possibilidades. Sob a visão marítima, os picos alcançam o céu, capturando um panorama único em sua grandiosidade. Em pedras cobertas de limo, pássaros famintos se abrigam, buscando alimento e asilo. O silêncio areia clama por outros pés que a toquem, suavizando as horas com suas passadas leves. A areia vegetativa revela um destino cheio de nostalgia, ecoando as palavras dos poetas ao longo do tempo.

Nesta hora de persistente sentimentalismo, a compaixão cavalga nos pensamentos, navegando com o vento que sopra durante as marés baixas. Aqui, o mar exala a luta dos seres que se aventuram em suas profundezas. Nenhum outro espaço é capaz de abrigar este momento com tanta intensidade. Os passos livres dos pés descalços encontram outros pés neste caminho de dunas inconstantes. As miragens proclamam a sabedoria das águas, revelando seu conhecimento ancestral. É aqui que reside a sacralidade daqueles pescadores, que verdadeiramente sabem decifrar os ventos e as marés. Enquanto contemplo a imensidão desses tripulantes naturais, tento apresentar minhas parábolas para as ondas, em busca de um diálogo com a imensidão. Nenhum outro espaço é capaz de suavizar os sentimentos desfeitos por nossos erros. O mar, de fato, tem o poder de acalentar as feridas da vida.

Olhar o mar é seduzir-se pelos sons que ele emana, uma sinfonia que nos alegra o coração, especialmente quando o sol toca suas águas e ilumina suas cores. É o encerramento do dia, o momento em que nenhum outro espaço consegue suavizar tantos pensamentos indecisos. Os suspiros de saudade transformam-se em poemas à medida que os ventos marítimos sopram, trazendo inspiração para versos há muito esquecidos. No meio dessa paisagem, os monstros das cidades se encontram solitários, buscando na natureza um beijo do vento quente que acalme suas almas. No profundo eu destas águas marítimas, as dores se fazem presentes, obrigando-nos a recordar dos versos que deixamos para trás. Em contraste com a solidão dos centros urbanos, os pássaros contornam sua rota em busca de suas necessidades básicas, enquanto o Homem anseia por novas praias em seu esplendor , desejando asas para viver suas vidas em plenitude. Ao pôr-do-sol, a última luz emerge no poente, colorindo o céu com tons alaranjados e dourados, marcando o destino de muitos que por aqui visitam uma vez ao ano. E então, um barco surge no horizonte, como um convite para desvendar novas histórias e embarcar em jornadas desconhecidas em mais um Verão vazio para muitos que passam por aqui.

- No horizonte outros barcos chegam, vazios e cheios de muitos pensamentos e atitudes.

- Quiçá um dia mude as atitudes de alguns.

Assim é a saudação marítima, uma mistura de encanto, reflexão e emoção, onde o mar e seus elementos se tornam um espelho de sentimentos e anseios humanos.  


FIM

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Projeto Literário e Musical Primolius Nº 0512


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