Nº 0517 - QUANDO BRINCÁVAMOS - CONTO

 


Primolius começa...

Era uma vez, uma menina chamada Lucylys. Ela vivia em uma pequena vila cercada por uma exuberante natureza repleta de árvores e animais curiosos. Porém, mesmo cercada por tanta beleza, Lucylys sentia-se triste. Enquanto todas as outras crianças passavam o dia imersas em seus dispositivos eletrônicos ou entretidas com brincadeiras estrangeiras, Lucylys ansiava por algo mais. Ela ansiava desesperadamente pela companhia de outras crianças para brincar como se brincava antigamente, como faziam seus antepassados. Mas, infelizmente, a paixão pelas brincadeiras tradicionais havia se perdido no local. Os sons de risos e vozes alegres foram substituídos pelo silêncio que emanava de janelas iluminadas por telas. Lucylys sentia-se como uma estranha em seu próprio lar.

Dia após dia, Lucylys passeava pela vila em busca de alguém, qualquer pessoa, que ainda se lembrasse das brincadeiras de infância que faziam seu coração dançar de alegria. Mas suas esperanças eram constantemente despedaçadas, já que todos pareciam indiferentes às suas súplicas por companhia e diversão. Certa tarde, enquanto caminhava pela beira da maré, Lucylys encontrou uma sacola e dentro da sacola havia um livro antigo e algumas miniaturas de bonecos coloridos. Com curiosidade, ela abriu o livro e descobriu páginas repletas de ilustrações de crianças sorrindo enquanto brincavam em seus respectivos lugares, correndo ou construindo casinhas com paus e folhas, entre outras diversas tarefas.

A cada página que virava, Lucylys sentia uma chama de esperança reacender dentro de si. Ela sabia que tinha encontrado um tesouro esquecido, um tesouro que poderia trazer de volta as brincadeiras de infância à sua vila. Determinada a fazer a diferença, Lucylys decidiu compartilhar esse conhecimento com todos. Ela organizou uma reunião no grande salão de eventos da vila, convidando todas as crianças e adultos para ouvir sua história e conhecer as brincadeiras perdidas na memória de todos.

Enquanto ela falava, a vila ficou envolta em um silêncio curioso. Todos estavam atentos às palavras de Lucylys. Aos poucos, os rostos curiosos se transformaram em sorrisos de interesse. Intrigados, eles começaram a compartilhar suas próprias lembranças de brincadeiras de infância, de como viviam cercados por diversão e aventura. Movidos por esse resgate emocionante, a vila começou a se transformar. As crianças deixaram de lado seus aparelhos eletrônicos e abraçaram novamente a natureza, descobrindo a beleza das brincadeiras tradicionais.

Lucylys, agora rodeada por amigos, finalmente encontrou sua alegria. Eles construíram casinhas com paus e folhas, correram descalços pela mata, brincavam de pira na maré, de cemitério, macaca, bole-bole, peteca, fura-fura, tacobol, cirandas de roda, entre outras dezenas de brincadeiras. Acreditem, os risos e os sorrisos voltaram a ecoar pelos rios e pelos caminhos da vila. Através de sua persistência e determinação, Lucylys mostrou que é possível reviver as brincadeiras de infância perdidas. Ela restaurou a magia do brincar e ajudou a preservar a própria cultura de seu povo.

E assim, em algum lugar da Amazônia, a alegria e a inocência da infância foram resgatadas. Lucylys e seus amigos lembraram a todos que, embora o mundo esteja em constante mudança, é essencial valorizar e preservar as tradições que moldaram suas identidades.

- Dizem que outras vilas ao redor estão fazendo o mesmo!


FIM

Copyright de Britto, 2022

Projeto Literário e Musical Primolius Nº 0517

 

Mensagens populares