* Nº 0449 - PONTES E TRAVESSIAS DE MAR - SÉRIE: A POESIA DE MAYANDEUA
Andante: No momento, lugar desconhecido,
O mar e a sina se encontram entrelaçados,
Entre as palavras, a necessidade de falar,
Barcos sonham com flores e ventos de um norte inesperado.
Nas cidades de concreto e sombras,
Os dias correm como engrenagens enferrujadas,
Sons de motores substituem o canto dos pássaros,
E o verde foi esquecido em memórias apagadas.
Pontes levam a outras pontes, mas não há rios,
Apenas água poluída que reflete o vazio humano.
Consumimos o tempo como quem devora pão,
Mas o sabor é amargo, sem raízes no chão.
Plásticos e metais constroem nosso altar,
Enquanto a natureza clama por renascer no olhar.
Mayandeua surge no horizonte, um chamado ao despertar,
Um farol para almas perdidas no mar do "ter que ganhar".
No céu, nuvens coloridas dançam em segredo,
Pintando promessas que o homem deixou de lado.
Elas nos lembram do que éramos antes do medo,
Antes de trocar o vento livre pelo ar condicionado.
Cada cor é uma nota, cada forma um suspiro,
Chamando-nos de volta à verdadeira essência do espírito.
Travessias! Entre o ser e o dever,
Entre o sonho e o peso do existir.
Os homens caminham como sombras errantes,
Buscando algo que não sabem nomear.
Mas no fundo, sabem: o mar os espera,
Com suas marés cheias de respostas e mistérios a desvendar.
Quem é o homem sem o toque da terra?
Quem é o homem sem o beijo do rio?
Somos parte do que negamos,
Filhos da chuva, netos do sol que brilha no estio.
Que o vento nos traga de volta à nossa origem,
Para dançarmos novamente com as árvores e os peixes,
E encontrar na simplicidade a poesia eterna do viver.
Um mundo a fazer, planos a tecer,
Pensamentos dançando em deleites,
Vida em compasso, em tempo metálico.
Acrílico Homem.
Sonhar é preciso, viver para os peixes e caranguejos,
Que se espalham como cores em nossos desejos.
Quando será o momento de parar e escutar,
O canto da alma, o grito das pedras a ecoar.
(Ondas batem)
Relâmpagos de palavras em metáforas,
Onomatopeias entoam sinfonias,
Quebrando a inércia do silêncio em harmonia,
Na dança poética,
Nossa eterna magia.
Vento, tempo e palavras...
Travessias!
FIM
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Projeto Musical e Literário Primolius Nº 0449