* Nº 0381 - UMA AVENTURA NA FLORESTA - SÉRIE: TEATRO POPULAR DE MAYANDEUA
Ato 1 - O Chamado da Floresta
Narrador:
Imagine a imensidão da Amazônia. Árvores gigantescas erguem-se como colossos, seus galhos entrelaçados formando uma abóbada verde que filtra os raios dourados do sol. O chão está coberto por um tapete natural de folhas secas e flores vibrantes, cujas cores parecem pintadas pela própria natureza. Os sons são uma sinfonia viva: o canto melodioso dos pássaros, o farfalhar das folhas ao vento, o murmúrio suave dos riachos serpenteando entre as árvores. É um lugar onde o tempo parece parar, onde cada respiração é um convite à contemplação.
No coração dessa floresta encantada, há uma clareira banhada pelo sol, um santuário tranquilo cercado por árvores majestosas e flores exuberantes. No centro, uma grande pedra coberta de musgo serve como testemunha silenciosa de histórias antigas. Este é o cenário onde nossa jornada começa, na floresta profunda da Amazônia, onde segredos e aventuras aguardam ser descobertos.
Narrador:
Era uma vez, nesta vasta floresta, um Mapinguari solitário. Sua figura imponente, com pelos grossos e garras afiadas, era temida por muitos animais. Ele vagava sem rumo pelas trilhas escondidas da mata, sempre em busca de comida.
Mapinguari: (olhando ao redor, farejando o ar)
Onde posso encontrar algo para comer hoje? A floresta guarda tantos mistérios, mas nem todos eles alimentam meu estômago.
Narrador:
Muitos animais fugiam ao ouvir os passos pesados do Mapinguari ou seu rugido poderoso. Mas, apesar de sua aparência assustadora, ele não era malvado; apenas solitário e incompreendido.
Mapinguari: (rugindo alto, ecoando pela floresta)
Eu sou o Mapinguari! Ouçam meu rugido! Quem ousará enfrentar-me?
Narrador:
Um dia, enquanto caçava, o Mapinguari ouviu um som estranho vindo de uma clareira próxima. Intrigado, ele decidiu investigar. Ao chegar lá, encontrou uma bruxa sentada no chão, rodeada por frascos de poções coloridas e livros antigos. Ela murmurava palavras mágicas, mas algo não estava dando certo.
Bruxa: (frustrada, batendo no caldeirão)
Por que esse feitiço não funciona? Será que perdi meu poderes?
Mapinguari: (se aproximando cautelosamente)
Olá, bruxa. Você precisa de ajuda?
Bruxa: (surpresa, levantando-se rapidamente)
Um Mapinguari falando comigo? Bem... eu realmente poderia usar alguma ajuda.
Narrador:
Juntos, o Mapinguari e a bruxa trabalharam no feitiço. Enquanto ela manipulava ingredientes mágicos, ele usava sua força para misturar o caldeirão. Após alguns minutos de esforço conjunto, o feitiço finalmente funcionou, liberando uma luz dourada que iluminou toda a clareira.
Bruxa: (sorrindo, aliviada)
Conseguimos! Obrigada, Mapinguari. Sem você, eu jamais teria completado isso.
Mapinguari: (sorrindo timidamente)
De nada. Foi divertido ajudar.
Narrador:
Desde aquele dia, uma amizade improvável nasceu entre o Mapinguari e a bruxa. Eles começaram a explorar a floresta juntos, desbravando seus mistérios e compartilhando suas histórias. A floresta, que antes parecia tão vasta e solitária para o Mapinguari, agora se tornava um lugar de companheirismo e descobertas.
Ato 2 - A Magia da Amizade
Narrador:
O Mapinguari e a bruxa continuaram suas explorações, mergulhando ainda mais fundo nos segredos da floresta. Cada passo revelava novas maravilhas: macacos balançando de galho em galho, pássaros cantando melodias hipnotizantes, borboletas dançando no ar como pincéis vivos.
Macaco: (saltitando nas árvores)
Olá! Eu sou um macaco! Vejam como me movo rápido!
Pássaro: (cantando alto)
Eu sou um pássaro! Minha canção enche o céu!
Borboleta: (voando graciosamente)
Eu sou uma borboleta! Minhas cores refletem a beleza da floresta!
Narrador:
Mas nem tudo era harmonia. Havia também predadores ferozes, como onças que rugiam com autoridade, cobras venenosas que deslizavam silenciosamente e formigas incansáveis, carregando folhas maiores do que elas próprias.
Onça: (rugindo ameaçadoramente)
Eu sou uma onça feroz! Respeitem meu território!
Cobra: (sibilando baixo)
Sou uma cobra venenosa. Não se aproximem!
Formiga: (trabalhando em equipe)
Nós somos formigas trabalhadoras! Juntas, construímos grandes coisas!
Narrador:
Além desses habitantes, havia criaturas mágicas que protegiam a floresta. Fadas voavam sobre flores delicadas, duendes guardavam tesouros escondidos e espíritos ancestrais vigiavam as árvores sagradas.
Fada: (dançando ao redor das flores)
Somos fadas! Cuidamos das plantas e dos animais!
Duende: (segurando um pequeno baú reluzente)
Sou um duende! Meus tesouros são segredos bem guardados!
Espírito da Floresta: (abraçando uma árvore centenária)
Sou um espírito da floresta! Protejo a vida que pulsa aqui!
Narrador:
A floresta era um mundo mágico, onde todos os seres viviam em equilíbrio. O Mapinguari e a bruxa aprenderam muito com essas criaturas, especialmente sobre a importância de respeitar e preservar a natureza.
Ato 3 - Desafios e Uniões
Narrador:
Certa manhã, enquanto caminhavam pela floresta, o Mapinguari e a bruxa ouviram um som inesperado: um choro vindo de uma árvore próxima. Preocupados, seguiram o som até encontrar um pequeno macaco preso em um galho alto.
Macaco: (chorando, tremendo de medo)
Socorro! Estou preso aqui em cima! Não consigo descer!
Mapinguari: (com voz calma e firme)
Não se preocupe, pequeno amigo. Vamos tirá-lo daí.
Bruxa: (murmurando um encantamento)
Vou criar uma rede mágica para garantir sua segurança.
Narrador:
Com habilidade e cuidado, o Mapinguari escalou a árvore enquanto a bruxa lançava sua magia para amortecer qualquer queda. Em poucos minutos, o macaco estava seguro no chão, abraçando seus salvadores com gratidão.
Macaco: (sorrindo, saltitante)
Muito obrigado! Vocês são incríveis! Posso acompanhá-los em suas aventuras?
Mapinguari: (sorrindo)
Claro! Mais um amigo só tornará nossas jornadas mais divertidas.
Bruxa: (acenando positivamente)
Seja bem-vindo! A floresta é um lugar melhor quando estamos juntos.
Narrador:
Os três amigos partiram juntos, enfrentando tempestades, cruzando rios e descobrindo novos recantos mágicos. A cada desafio superado, sua amizade se fortalecia.
Ato 4 - O Vale da Princesa
Narrador:
Durante uma forte chuva, os amigos buscaram abrigo em uma caverna. Lá dentro, acenderam uma fogueira e compartilharam histórias de suas aventuras. Quando a tempestade cessou, foram surpreendidos pela chegada de um ser de outro mundo.
Ser de Outro Mundo: (entrando na caverna, envolto em luz suave)
Olá, amigos! Venho de um lugar distante chamado Mayandeua, onde existe um lugar especial conhecido como Vale da Princesa. É um reino de paz e felicidade.
Mapinguari: (curioso)
Quem é você? E por que veio aqui?
Bruxa: (fascinada)
De onde vem essa luz? Conte-nos mais!
Macaco: (impaciente)
Vamos lá! Queremos saber tudo!
Ser de Outro Mundo: (sorrindo gentilmente)
Venham comigo, e eu lhes mostrarei o caminho para o Vale da Princesa.
Narrador:
Sem hesitar, o Mapinguari, a bruxa e o macaco aceitaram o convite. Guiados pelo ser misterioso, atravessaram portais de luz até chegarem ao Vale da Princesa, um lugar de beleza indescritível. Campos floridos, cachoeiras cristalinas e dunas compunham aquela paisagem celestial.
Mapinguari: (admirado)
Este lugar é incrível! Parece um sonho.
Bruxa: (extasiada)
Sim, é pura magia. Nunca vi nada igual.
Macaco: (saltitando de felicidade)
Eu quero ficar aqui para sempre!
Narrador:
Encantados, os amigos decidiram permanecer no Vale da Princesa, onde viveram cercados por novos amigos e aventuras intermináveis. Assim, a história do Mapinguari, da bruxa e do macaco continua, um conto eterno de amizade, coragem e descobertas.
Ato 5 - O Mistério no Vale da Princesa
Narrador:
O Mapinguari, a bruxa e o macaco seguiram o ser de outro mundo até o Vale da Princesa. Ao atravessarem o portal de luz, foram recebidos por uma paisagem de tirar o fôlego: campos cobertos por flores que pareciam brilhar sob a luz do sol, rios cristalinos que cantavam melodias suaves enquanto corriam entre as pedras, e dunas envoltas em névoas douradas. Era um lugar onde o tempo parecia não existir, onde cada respiração era um convite à paz.
Mapinguari: (admirado, olhando ao redor)
Este lugar é... perfeito demais para ser real.
Bruxa: (tocando delicadamente uma flor luminosa)
Sim, é como se estivéssemos em um sonho. Mas algo aqui me deixa inquieta. Há uma energia... diferente.
Macaco: (saltitando animado, mas parando subitamente)
Ei, vocês sentem isso? É como se alguém... ou algo... estivesse nos observando.
Narrador:
Enquanto exploravam o Vale da Princesa, os amigos começaram a perceber pequenos sinais estranhos. As árvores pareciam sussurrar segredos quando eles passavam. Os pássaros, antes tão alegres, agora voavam em círculos nervosos. E aquela névoa dourada que envolvia as dunas parecia se mover lentamente, quase como se tivesse vida própria.
Ser de Outro Mundo: (com um sorriso enigmático)
Não se preocupem, meus amigos. Este vale guarda muitos mistérios, mas todos eles são parte de sua beleza.
Bruxa: (franzindo a testa, desconfiada)
Mistérios? Você não mencionou isso antes. O que exatamente está escondido neste lugar?
Ser de Outro Mundo: (dando de ombros levemente, ainda sorrindo)
Tudo tem seu tempo. Por enquanto, aproveitem a tranquilidade. Vocês merecem descansar depois de tantas aventuras.
Narrador:
Apesar das palavras tranquilizadoras do ser misterioso, uma sensação incômoda começou a crescer dentro do grupo. Durante a noite, enquanto dormiam sob as estrelas cintilantes do vale, o Mapinguari acordou abruptamente com um som estranho — algo entre um gemido e um sussurro vindo das sombras das árvores.
Mapinguari: (levantando-se devagar, farejando o ar)
Algo está errado. Consigo sentir isso.
Bruxa: (acordando assustada, segurando seu cajado mágico)
Você também sentiu? Não foi só um sonho, foi?
Macaco: (agarrando-se à bruxa, tremendo)
Eu não gosto disso! Vamos embora daqui!
Narrador:
Antes que pudessem decidir o que fazer, uma figura sombria emergiu da névoa. Era alta e etérea, com olhos que brilhavam como brasas. Sua presença emanava tanto fascínio quanto medo.
Figura Sombria: (com uma voz grave e ecoante)
Vocês não deveriam estar aqui. Este vale guarda segredos antigos, segredos que poucos estão preparados para enfrentar.
Bruxa: (erguendo seu cajado, pronta para lançar um feitiço)
Quem é você? E o que quer conosco?
Figura Sombria: (avançando lentamente, envolta em sombras)
Sou a Guardiã do Vale. E vocês, intrusos, perturbaram o equilíbrio deste lugar. Agora terão que provar seu valor... ou enfrentar as consequências.
Narrador:
O Mapinguari, a bruxa e o macaco trocaram olhares tensos. Sabiam que haviam encontrado algo muito maior do que imaginavam. O Vale da Princesa, apesar de sua beleza, escondia perigos desconhecidos. E agora, eles precisariam lutar não apenas para proteger suas vidas, mas também para desvendar os mistérios que aquele lugar guardava.
Mapinguari: (rugindo alto, assumindo uma postura defensiva)
Se for uma batalha que ela quer, será uma batalha que terá.
Bruxa: (murmurando encantamentos, criando uma barreira mágica ao redor do grupo)
Fiquem juntos! Não sabemos do que essa coisa é capaz.
Macaco: (agarrado ao ombro do Mapinguari, tremendo)
Por que sempre acabamos nos metendo em confusão?!
Narrador:
Com a tensão crescendo, os amigos perceberam que o Vale da Princesa não era apenas um refúgio pacífico, mas também um teste. Um teste de coragem, amizade e determinação. Eles teriam que enfrentar seus próprios medos e desafiar os segredos do vale se quisessem sobreviver.
Mas essa história... bem, essa é uma outra aventura que ainda está por vir.
FIM (por enquanto)
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Projeto Musical e Literário Primolius Nº 0381