ERA DEZEMBRO Nº 371- CRÔNICA

 



(Direto de Mayandeua)

Era o início do mês das mangueiras estarem cheias de flores. Naquela manhã, Belém parecia realmente uma Veneza de verde. Na Avenida Presidente Vargas, os carros trafegavam rapidamente e o comércio local apresentava o vai e vem dos transeuntes escolhendo presentes ou lembranças para seus entes queridos. Belém ficava ainda mais bonita nas vésperas das festas de final de ano. Em sentido contrário aos carros, os mendigos, vendedores e ambulantes trabalhavam na esperança de ganhar alguns trocados para o dia dos festejos que estavam próximos para chegar. Belém realmente estava mais viva naquela manhã.

Dentro do carro, era quase impossível não olhar para o lado esquerdo. A Praça da República e outros lugares sustentavam suas energias positivas e posicionavam suas luzes naturais com um grande colorido nas pequenas barracas de artesanato com seus produtos cheirosos. Talvez isso só acontecesse por ali. Todos sorriam e prazerosamente respiravam a fragrância das flores das mangueiras. No trânsito já infernal naquelas horas da manhã, era necessário cautela, pois milhares de pessoas saíam às ruas estreitas do lado direito. Subitamente apareciam com suas sacolas e outras coisas. Neste complexo de figuras e personagens do povo, às vezes apareciam carros puxados por mãos humanas com seus motoristas cantando e correndo na grande Avenida. Quem diria que há dois meses, nesta mesma Avenida o Círio passara lindo com seus milhares de devotos. Ele desembarcou do táxi bem em frente ao hotel e relembrou da Linha Aero Club que entre outros circulares da cidade morena de outrora transitavam calmos e sempre luxuosos. No entanto, nos dias de hoje, o caos como sabemos é intenso.

Um vento chegou às barras de sua calça, não era apenas o vento, mas um beijo do Guajará dando-lhe boas-vindas depois de alguns dias fora do estado. O taxista, como de costume, esperou um extra pela viagem. Ele pegou com mãos firmes o dinheiro e agradeceu. Ele saiu do carro e olhou para o céu. O sol brilhava forte e as nuvens pareciam dançar ao som de uma música suave. Ele respirou fundo e sentiu o cheiro do mar. Ele sorriu e caminhou em direção ao hotel. Belém estava viva e pulsante naquela manhã. As pessoas caminhavam pelas ruas, os carros buzinavam e os vendedores gritavam seus produtos. Era uma cidade cheia de vida e energia. Ele entrou no hotel e subiu para seu quarto. Ele abriu a janela e olhou para a cidade lá embaixo. Ele sorriu novamente e pensou em como era bom estar de volta. Belém era sua casa e ele estava feliz por estar ali.

Ele se sentou na cama e pegou seu caderno. Ele começou a escrever sobre sua viagem, sobre as pessoas que conheceu e as coisas que viu. Ele escreveu sobre a beleza de Belém e sobre como a cidade o fazia se sentir vivo. Ele terminou de escrever e fechou o caderno. Ele se deitou na cama e fechou os olhos. Ele adormeceu com um sorriso no rosto, sonhando com a cidade que amava.


FIM 


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Projeto Musical e Literário Primolius Nº 371


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