CORES PRAIANAS Nº 368 - CONTO




Havia um homem que vivia sozinho à beira-mar. Ele evitava o mundo lá fora e trabalhava o seu emocional, investindo na solidez natural. Ali, valia a pena ter esperanças. Seus olhos derramavam outras cores enquanto as bases neutras não poderiam estar em sua nova tela de vida. Assim, ficou neutro do mundo e da própria poluição. (Ela não estava lá). 

Apenas a praia vazia corroía sua memória nas tardes que proclamavam o silêncio das nuvens encantadas de Mayandeua. Em tempos de lua minguante, a liberdade derramava outras ondas e tudo era perfeito aos olhos do Homem pintor. Na vida daquele que era conhecido por suas pinturas, muitas vezes lá estava ele catando pedras na areia. Subitamente, dependendo do vento, a praia daquele arquiteto de paisagens trocava de cores e como sempre um verbo sem sujeito proclamava a ausência de outras cores no horizonte. Assim, o calendário, as garças e as nuvens celebravam o contínuo movimento das ondas.

A poesia fazia surgir outras imagens na saudosa vila de cores. Enquanto as ondas piravam e gritavam aos olhos do imenso mar lá fora, ele em sua rede apenas pintava mais uma história. Sua praia guardava outra saudade e ele sabia quando mais um pássaro estava pronto para partir.

Havia um homem que vivia sozinho à beira-mar.

E ele ainda está por lá…


FIM 


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Projeto Musical e Literário Primolius Nº 368


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