VOX DAS ÁGUAS Nº 233


Real imagem,
Fora do ar, somente o Mar.
Plantas vidradas e inquietas...
Suavizam os mangues...
Chamam mais vidas..
Defloram o rio com as suas raízes...
Em sua margem risonha,
Mais vida.
Domínio destas terras de águas e águas
Ouro incolor,
Águas estremecendo,
Águas da “terra Mayandeua”.
Árvores crescendo, Uiaras passeando...
Elas, as águas abrindo o espaço da terra e dos mangues...
Mapas, caminhos aquáticos,
Domínio destas terras de fartura de peixes ,
Ouro dos remos solitários,
Águas da “gente Pará”.
Mastros erguidos na noite dos bichos encantados,
Motores, maresias, correntes...
Idas e retornos dos teus filhos,
Sons de todas as línguas,
Domínio de nossa terra,
Ouro das velas brancas,
Águas santas do verbo Mayandeuar.
Voz da paz,
Canto dos caboclos e sereias,
Tumulto dos rebojos encantados,
Tumulto “pororocal de culturas”,
Águas perigosas de acordo com o tempo,
Progressivas horas a fio,
Domínio desta gente Forte,
Riquezas em seus braços frentistas,
Águas do “vento Pará”.
Música oculta destes homens namoradeiros,
Presente da lua fêmea,
Vazantes e ciclos desta Vida de fertilidades...
Eis a maré nos arremates dos camarões...
Nos beiradões...
Encontro dos poetas e amantes,
Ouro dos botos- peixes e Homens...
Águas da “paisagem Pará”.
Ritmos de tambores gritando,
Curimbós trovejam nas mãos dos sumanos...
Sons e Acordes que movem gerações...
Planeta da poesia dos Mestres da ilha...
Eternos Encantados.
Sesta no fundo da rede,
Corpo aquático proclama a riqueza do descanso...
Voz das águas,
Domínio das chuvas de Mayandeua,
Águas do “mundo Pará”.
As águas daqui não passam...
Transformam-se em Natureza.
E lá “defronte” Camboinha...
Real imagem,
Fora do ar, somente o Mar.

 - Um guará bebendo a água sagrada!

FIM

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Projeto Musical e Literário Primolius Nº 233

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