* N° 0251 - SOBRE OS CÓRREGOS DE SAL - SÉRIE: A POESIA DE MAYANDEUA
O cantador conhece a serenidade,
Acolhe as sílabas
no brilho do olhar.
Abre a boca ao mundo
com vontade,
Dez vezes ensaia
o que vai falar.
Sintoniza o rádio
em canções amenas,
Em meio às laudas brancas,
a criar.
Desenha uma flor de mangue,
formas serenas,
Um peixe
singular,
de um límpido mar.
Na tinta azul,
os sonhos ganham dança,
E quando a cor se esvai,
a inspiração se lança
No refrão encontra
nova esperança.
Cala a sílaba
em contemplação.
No horizonte,
a noite dos encantados
se revelam,
Enlaça o mar
nas pedras da existência.
Um pensamento
nos dedos se aquarela,
Banjo abençoa a Natureza
em resiliência.
O cantor murmura ao vento,
um segredo:
A Pedra que chora, ali a soluçar.
"Camboar" ecoa, um ritmo sem medo,
Na voz do mar,
o tempo e o sal a vibrar.
Córregos de lua,
metáforas em flor,
Fonemas estranhos em murmúrios sutis.
Ilha encantada,
trabalho e labor,
Enquanto outros córregos,
em gestos juvenis,
A colheita dos homens levam ao mar.
Sonolento,
o cantor, em calmaria,
Seu anseio em versos deixa voar,
Novas metáforas,
Maya é só magia.
Prosopopeias no vento a sussurrar,
O Eu lírico,
em acordes e carinho,
A flor e o sal na chuva a renascer,
a brilhar,
Perfumes e as folhas dos cajueiros....
pelos telhados fazem o seu ninho.
Em Camboinha e Fortalezinha,
a canção se espalha,
Onomatopeias cansadas,
em suave tom.
No horizonte,
o mangue floresce, sem falha,
O mar enlaça as perdas,
um eterno tom.
Um pensamento em acordes
tímidos irrompe,
O cantor sussurra ao vento,
em devoção,
Os segredos da Pedra
que ainda se rompe,
"Camboar" firma o sal-momento,
em oração.
Chove nas saleiras de Mayandeua,
enfim,
E a canção do cantador
ecoa
sem ter fim.
FIM
Copyright de Britto, 2021
Projeto Literário e Musical Primolius Nº 0251


