A HISTÓRIA DO PESCADOR E A PRINCESA Nº 0319 (UM ENCONTRO NA FESTA DO CAJÚ) CORDEL






Das muitas narrativas expostas na ilha
Muitos valores escondem a sua verdadeira historia
Cheia de amores encantos e riquezas de seu povo
Espaços próprios deste litoral de mistérios e glórias
Assim, contarei para todos o que eu aprendi.
Segredos que ficaram guardados na memória.

Neste grande e imponente oceano Atlântico
Guarda reinos e grandes reis que por aqui passaram
Seus alicerces sobrevivem através de muitas histórias
Através de mercadores que por aqui embarcavam
Com eles, traziam ouro e outras riquezas.
Ao chegar nesta ilha. De suas riquezas se abdicavam.

Grande era o atrativo nestes recantos do Norte
Que até um jovem rei por aqui foi encantado
Dentre as outras moradias que pelo mar deixou
Este rei escreveu a sua história como o “desejado”
Sagrou-se morador da Mayandeua encantada
Onde nasceu a sua filha neste lugar sagrado.

E os anos passaram e passaram...

Uma vez na praia de Algodoal
Sucedeu um fato muito penoso
Um pescador simplesmente desapareceu
Num final de um dia cavernoso
Só sabemos que este episódio aconteceu
Tornando-se até hoje um fato misterioso.

Este pescador matutava a sua vida
Pelas dunas de Algodoal foi passear
Era um ano de escassos peixes
Infelizmente não tinha como trabalhar
No caminho, encontrou uma flor
Tao cheirosa que decidiu no bolso guardar.

Cansado deitou-se na areia
E lá permaneceu admirando o lugar
Lembrou-se de sua infância querida
Em bem baixinho começou a cantar
Seus olhos lacrimejavam de saudade
Entorpecido com o som das águas do mar.

Cansado o pescador por lá adormeceu...
A tarde morria naquele mês de agosto
Enquanto a maresia chegava de mansinho
O vento faceiro afagava o seu rosto...
O sol sentando, caboclo dormindo na areia.

Subitamente um canto abriu os olhos do moço.

Um encontro de Amor...

Maravilhado com a beleza de uma mulher
Em passos lentos ela despontava com a noite
Ambos ficaram inebriados de amor
E Juntos pela praia, passaram a caminhar
A princesa conduziu o moço para a maré
Levando o pescador para o fundo do mar.


Diz a história: O pescador
Desde aquele momento desapareceu
Por muitas luas todos o procuraram
Muitos falavam que o pescador morreu
Diziam os mais velhos que ele foi encantado
Mas foi pela princesa que ele se rendeu.

Enquanto no cais a mulher do pescador
Ainda esperava ansiosa o seu amor desembarcar
No seu peito a saudade á deflora por anos
Tinha a esperança que o seu pescador iria chegar
Para muitos a esposa do pescador ficara louca
E todas as tardes contemplava o infinito mar.

No mundo da sereia o pescador tornara prisioneiro
Mil vezes pedira a princesa que ele pudesse voltar
Negando o seu pedido, dava-lhe tesouros e amor.
Triste e solitário relembrava de sua vida a pescar
A princesa vendo o seu amado triste e morrendo
Resolveu fazer um trato para tudo isso acabar.

Cabendo ao pescador decidir a sua sina
Acatou o trato que a sereia o direcionou
Sem perder tempo pediu à princesa o seu retorno
E antes de voltar a sereia esquadrinhou
Vá! caso não retrocedas já sabes o que incidirá
Portanto, vá atrás da mulher que tu sempre amaste!

Desnorteada a princesa desesperada passa a cantar
Vendo o seu amor indo embora do sagrado mar.

Após os dez anos de seu desaparecimento
Surge o pescador nas dunas de Algodoal
Era noite de alegria na Festa do Caju
Deixou para trás o paraíso da princesa
Depressa procurou a esposa na Vila
E logo encontrou a sua eterna guerreira.

Sua mulher correu para os braços do pescador
Em prantos o casal abraçou-se ao luar
Imediatamente o pescador falou tudo para a esposa
Assustada respondeu que deveria pensar
O pescador suplicou uma resposta da esposa
Pois deveriam naquela mesma noite retornar.

Na Vila todos apreciavam uma boa festa
A festa animada permitia a todos dançar
Feliz a esposa realizaria o pedido do seu marido
Seu último pedido era bailar ao luar
Já era meia-noite, juntos precisavam ser rápidos.
Pois deveriam aproveitar a maré para viajar.


Este foi o trato da Princesa de Algodoal
O pescador e a esposa foram para o fundo do mar
Reconhecendo o sofrimento da esposa na terra
Pois não saberia viver assim por o também amar
Dizem que nas noites de lua cheia elas cantam
Para o pescador, dono de tudo o que há por lá.

E foi na Festa do Cajú...
Que mais um encanto surgiu nestas águas...
E assim termina este Cordel meus senhores
E cá sempre estarei este Primolius que vos narra.


FIM

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Projeto Musical e Literário Primolius Nº 319

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