N° 0942 - O CAPITÃO VYEGIM - SÉRIE: CRÔNICAS DE MAYANDEUA
No pensamento daqueles que os veem partir, pairam dúvidas como névoa. Quais as águas que moldaram suas jornadas? Quais ondas os fortaleceram ou os enfraqueceram? Talvez se percam nas águas místicas de Mayandeua, onde a realidade se dissolve e os portais se abrem para o desconhecido. Afinal, ali muitos chegam e partem, navegando pelos corredores do tempo. Lá se vão, sumindo, indo, partindo através dos verbos da vida, conjugando a esperança e o esquecimento. Levam consigo o silêncio de muitos, o peso das palavras não ditas. Talvez esses capitães não queiram realmente falar nada, preferindo o murmúrio constante do mar e a sinfonia silenciosa das estrelas, que às vezes se atrevem a cair, rasgando o véu da noite.
Capitão Vyegim é o nome do personagem, um nome talhado no vento e gravado nas estrelas. Seu rosto, um mapa, conta histórias de tempestades enfrentadas e horizontes perdidos. Seus olhos, duas esmeraldas, refletem a vastidão do oceano e a sabedoria dos navegantes do Sal. Suas mãos, calejadas e fortes, conhecem a linguagem das cordas e o abraço firme do leme. Vyegim não é um homem de muitas palavras, mas cada gesto seu é um poema, cada olhar, um universo.
Seu barco, batizado de "Alvorada", desliza pelas águas como uma sombra silenciosa, impulsionado por sonhos e mistérios. Alguns dizem que Vyegim busca uma ilha lendária além de Mayandeua, um paraíso perdido onde o tempo se curva e os desejos se tornam realidade. Outros sussurram que ele foge de um passado sombrio, uma ferida que se recusa a cicatrizar. Mas o capitão não se importa com os boatos e as especulações. Ele tem um destino, uma bússola interna que o guia através das incertezas do mar.
E assim, o Alvorada distancia, rumo ao infinito. Vyegim, em seu posto, observa o horizonte, enquanto o sol se põe em chamas, pintando o céu. Ele sabe que a jornada é longa e incerta, mas não teme os perigos que espreitam nas profundezas. Pois, no fundo de seu coração, ele carrega a certeza de que, mesmo perdido no labirinto do tempo e do espaço, ele encontrará o seu caminho. Talvez, um dia, ele retorne. Ou talvez, ele se torne apenas uma história de bar entre outros marujos, um conto sussurrado nas noites de lua cheia ao redor de fogueiras, lembrando-nos da beleza da aventura e da importância de seguir os nossos próprios sonhos, mesmo que eles nos levem para além dos limites do conhecido. E que, no silêncio do mar e na vastidão das estrelas, reside a verdadeira essência da liberdade.
Assim Primolius conheceu Capitão Vyegim numa tarde de Maya....
FIM
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Projeto Literário e Musical Primolius N° 0942