* Nº 0859 - NOITE DE CHUVA EM CAMBOINHA - SÉRIE: CRÔNICAS DE MAYANDEUA

Na vila de Camboinha, uma noite de chuva caía suavemente, envolvendo tudo em uma melodia de gotas que dançavam nos telhados e no chão de terra batida. As vilas, imersas em uma preguiça aconchegante, pareciam suspirar com o som ritmado da chuva. Dentro das casas, o calor do fogareiro era um convite ao descanso, onde a água fervendo anunciava a chegada do café. O aroma forte e acolhedor do café enchia o ar, prometendo aquecer os corpos e as almas dos habitantes. As redes, atadas nos cantos das casas, balançavam suavemente, prontas para embalar o sono daqueles que ali se deitassem. Do lado de fora, outras redes, essas de pesca, esperavam pacientemente pelo amanhecer, encharcadas pela chuva mas sempre prontas para seu trabalho diário.

Dentro das casas, as famílias se reuniam, aquecidas não só pelo café, mas pelo calor da convivência. As histórias começavam a sair das bocas dos mais velhos, envoltas em fumaça e nostalgia. Eram contos de aventuras passadas, de lendas antigas, de dias bons e difíceis, compartilhados sob a luz  das lamparinas. Cada palavra era um fio que alimentava a memória coletiva, fortalecendo os laços entre gerações. Enquanto a noite avançava, o som da chuva continuava, agora uma trilha sonora para as vozes que narravam o passado e imaginavam o futuro. As crianças, com os olhos brilhando de curiosidade, ouviam atentamente, absorvendo cada detalhe, cada ensinamento. A vila, envolta em uma sensação de tempo suspenso, vivia um momento de paz e união, onde o presente e o passado se encontravam.

Com a madrugada, a chuva começou a diminuir, e a promessa de um novo dia despontava no horizonte. O amanhecer de Camboinha surgia lentamente, com a luz do sol tingindo o céu de cores suaves e prometendo secar as redes de pesca ainda úmidas. As famílias, revigoradas pelas histórias e pelo descanso, preparavam-se para mais um dia de trabalho e convivência. E assim, na vila de Camboinha, a noite de chuva se transformava em um novo amanhecer. As redes de pesca, os fogareiros, as histórias e as pessoas continuavam a tecer a trama da vida, criando um ciclo de continuidade e esperança. Cada amanhecer trazia consigo a promessa de novas histórias, de novos desafios e de novas lembranças a serem criadas e compartilhadas.

- Bom dia Camboinha!


FIM

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Projeto Literário e Musical Primolius Nº 0859

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