* Nº 0857 - AVENTURAS NO QUINTAL - SÉRIE: CONTOS FANTÁSTICOS DE MAYANDEUA
Na ilha de Mayandeua, havia um quintal que se destacava, não pela sua aparência, mas pelos segredos que guardava. No centro desse refúgio de infância, um poço antigo atraía os olhares curiosos das crianças, com seu eco misterioso e profundidade desconhecida. Cada visita ao quintal transformava-se em uma nova aventura, um capítulo emocionante de uma infância repleta de descobertas. Era um lugar onde os jogos de esconde-esconde ganhavam vida própria. As crianças, rindo e correndo, encontravam abrigo atrás de árvores frondosas, dentro de pequenos arbustos e, ocasionalmente, nos arredores do poço. Ali, escondiam-se e esperavam com o coração acelerado, enquanto o "pegador" contava, ansioso, os segundos que pareciam eternos.
Bandeirinhas coloridas, feitas de papel e tecido, tremulavam ao vento, marcando territórios imaginários e campos de batalhas fictícias. Cada pedaço de pano tinha sua própria história, cada cor um significado secreto, compreendido apenas pelos pequenos habitantes da ilha. O poço, entretanto, era mais do que um simples buraco no chão. Era um portal para mundos desconhecidos, onde as crianças lançavam seus barcos de papel, observando-os navegar em círculos antes de desaparecerem na escuridão. Cada barco carregava os sonhos e desejos dos pequenos marinheiros, que imaginavam viagens por mares distantes, repletos de criaturas fantásticas e terras misteriosas.
As tardes na ilha eram pontuadas por essas aventuras, onde a imaginação não conhecia limites. Cada pedra, cada planta, tinha uma história a ser contada, um segredo a ser revelado. O quintal transformava-se em um cenário de contos de fadas, onde os pequenos heróis enfrentavam desafios e celebravam suas vitórias com gargalhadas contagiantes. Mayandeua, com sua beleza e mistério, era o pano de fundo perfeito para essas histórias de infância. O poço no quintal, os jogos de esconde-esconde, as bandeirinhas e os barcos de papel eram mais do que simples brincadeiras; eram rituais de crescimento, de aprendizado e de alegria. E assim, as crianças da ilha viviam suas aventuras diárias, criando memórias que carregariam para sempre. Cada sorriso, cada descoberta, ficava gravada no chão invisíveis do quintal mágico, onde a infância se encontrava com a fantasia, criando um mundo onde tudo era possível.
Em uma dessas tardes, algo inesperado aconteceu. Enquanto brincavam ao redor do poço, um som diferente ecoou das profundezas. Não era o som de um eco comum, mas um sussurro quase inaudível, como se alguém, ou algo, estivesse tentando se comunicar. As crianças, curiosas e corajosas, aproximaram-se mais do poço. As vozes que ouviam eram melodiosas e suaves, carregando uma mensagem de encantamento. Intrigados, decidiram lançar uma lanterna presa a uma corda dentro do poço. A luz revelou algo surpreendente: nas paredes internas, havia inscrições antigas, símbolos que pareciam contar uma história esquecida. Com a ajuda de um velho livro encontrado na biblioteca da ilha, as crianças decifraram a mensagem. Tratava-se de um conto antigo sobre um tesouro escondido, protegido pelos espíritos da natureza, que só poderia ser encontrado por aqueles com um coração puro e uma imaginação fervorosa.
Inspiradas pela descoberta, as crianças começaram uma nova aventura. Seguiram pistas deixadas por gerações passadas, percorrendo a ilha e explorando lugares antes desconhecidos. Cada passo da jornada era guiado pelas histórias contadas pelos símbolos e pelas suas próprias intuições. Ao final dessa jornada mágica, chegaram a uma caverna secreta, iluminada por uma luz dourada que parecia emanar das próprias paredes. No centro, um baú antigo esperava por elas. Ao abri-lo, encontraram não apenas riquezas materiais, mas também objetos que pareciam saídos diretamente de seus sonhos: instrumentos musicais que tocavam sozinhos, livros que contavam histórias por conta própria e brinquedos que se moviam como se fossem vivos. A descoberta mudou a vida das crianças para sempre. O quintal e o poço antigo de Mayandeua não eram apenas lugares de brincadeira, mas portais para uma dimensão onde a imaginação e a realidade se fundiam de forma mágica. E assim, enquanto cresceram e se tornaram adultos, nunca esqueceram das lições e aventuras de suas infâncias, carregando consigo a certeza de que, em algum lugar da ilha, a magia e o mistério de Mayandeua sempre estariam à espera de novos exploradores de coração puro e mente aberta.
- E assim, desde a tenra idade, as crianças de Maya já eram contadores de histórias daquela grande ilha.
FIM
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Projeto Literário e Musical Primolius Nº 0857