*Nº 0295 - ENTRE NUVENS - SÉRIE: CRÔNICAS DE MAYANDEUA

 


No canto triste,

Asas rasgam o céu...

- Pássaro solitário.

No canto triste do horizonte, onde o céu encontra a terra, asas solitárias rasgam o véu de nuvens em um voo solitário. É um pássaro, símbolo da liberdade e da solidão, que desafia os limites do firmamento em busca de um destino desconhecido. Seu canto ecoa pelo ar, uma melodia suave e melancólica que se mistura ao sussurro do vento e ao murmúrio das folhas  dos mangueiros. É como se o pássaro encontrasse na música a expressão de sua própria alma, uma canção de tristeza e esperança que atravessa os limites do tempo e do espaço através dos manguezais. 

Enquanto suas asas cortam o céu em busca de um refúgio, o pássaro  parece perder-se entre as nuvens de Maya, como uma alma errante em um mar de esperanças. É um ser em busca de sentido, em busca de significado, em um mundo que muitas vezes parece muito cheio e sem propósito. O voo solitário do pássaro se assemelha ao caminhar humano pela vida, onde cada passo é uma busca incessante por respostas de tábuas de marés e trapiches esquecidos. E no entanto, mesmo na solidão de seu voo, o pássaro encontra beleza e poesia no mundo ao seu redor. As nuvens se transformam em palcos de águas e fantasias litoraneas, onde ele pode voar livremente, sem amarras nem limites, em direção ao infinito de Maya. A vastidão do céu, embora intimidadora, oferece a liberdade que a terra não pode proporcionar.

Talvez seja essa a essência da existência: encontrar beleza mesmo nas jornadas mais solitárias, ver haikais nos momentos mais simples e efêmeros. O pássaro, em sua busca incessante, nos ensina sobre a resiliência e a capacidade de sonhar  entre as nuvens, mesmo quando o destino parece  distante. E assim, entre as nuvens de Maya, o pássaro solitário continua seu voo, um ponto de luz em meio ao verde lunar, uma esperança que nunca se apaga. 

O pássaro voa, e em seu voo, há uma lição de vida para todos nós: a liberdade de sonhar, a coragem de buscar e a beleza de encontrar as Letras na jornada, mesmo quando ela parece solitária. Pois, afinal, cada um de nós é um pássaro em seu próprio céu, desafiando os ventos da vida em busca de um destino que, talvez, esteja escondido nas espumas ou ondas deste imenso mar de ideias destas vidas no cais.

- Entre nuvens....

- Mayandeua.


FIM


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Projeto Literário e Musical Primolius Nº 0295


  


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