Nº 0777 - O FANTASMA DAS CAIEIRAS - CONTO FANTÁSTICO

 


Em uma vila situada em Mayandeua, a Comadre, uma moradora da ilha,  decidiu enfrentar uma tarefa desafiadora. Determinada a garantir suprimentos adequados para o inverno iminente, ela empreendeu a construção de três caieiras de carvão de alta qualidade em seu amplo terreno bem no centro de Maya.

Havia uma história, conforme os mais antigos que havia sempre perto de caieiras, espíritos que vagavam ao redor delas com o intuito de voltar no tempo. Esta história dos "Fantasma das Caieiras" rondava a região, seu fundamento foi o desaparecimento misterioso de uma embarcação lotada de carvão nos arredores do Mar de Mayandeua há séculos. Era dito que seus espíritos assombravam estes locais, especialmente à noite, assustando quem se aventurasse nos arredores das caieiras da região. Apesar dos rumores, a Comadre persistiu em seu projeto. Com a ajuda de vizinhos e familiares, ela construiu as caieiras com precisão, escolhendo a madeira de maneira sustentável. Enquanto as caieiras ardiam em chamas, a Comadre cuidava do processo de carbonização dia e noite, comprometida em produzir carvão da mais alta qualidade.

Entretanto, estranhos acontecimentos começaram a ocorrer. Sussurros misteriosos e sombras indistintas cercavam as caieiras durante a noite. Destemida, a Comadre decidiu investigar. Em uma noite, munida de uma poronga, ela se aproximou das caieiras. Foi então que o "Fantasma das Caieiras" apareceu diante dela, uma figura etérea e brilhante. Ao invés de ameaçar, o espírito começou a compartilhar sua história e conhecimentos ancestrais.

Segundo a conversa com o fantasma, ele alertou para a preservação das matas e que não havia problema utilizar aquele recurso para o sustento temporário de uma família, mas que não poderia seguir adiante, pois a cada caieira aberta os espíritos daquela embarcação ressurgem com o intuito de voltar para o que eles deixaram, pois todos eles estão presos em um plano dentro do Oceano. No entanto, antes de ir embora, o espectro narrou para a Comadre um lugar onde ela poderia encontrar um pequeno tesouro deixado por alguém há séculos em um ponto determinado da ilha. Ela relatou que era uma botija com muita prata e que só ela poderia pegar. Dizem que a Comadre nunca mais precisou fazer caieiras.

- Coisas da ilha encantada de Maya.

- Assim narrou Primolius.


FIM

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Projeto Literário e Musical Primolius Nº 0777



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