*Nº 0774 - OSSOS DE CARAPANÃ - SÉRIE: CRÔNICAS DE MAYANDEUA
No reino de Alpharion, onde a ciência e a poesia se entrelaçavam em uma dança harmoniosa, vivia Yjelyus, um cientista-poeta conhecido por sua mente aberta e sua habilidade de enxergar a beleza nas complexidades do universo. Em Alpharion, as estrelas brilhavam com um esplendor único, inspirando não apenas os estudiosos da astronomia, mas também os poetas e artistas que buscavam capturar a essência do cosmos em suas obras. Um dia, enquanto contemplava as estrelas cintilantes no céu, Yjelyus se deparou com uma teoria absurda que começava a se espalhar entre os habitantes de Alpharion: a ideia de que os carapanãs possuíam ossos. Como um homem de ciência, ele sabia que essa afirmação era completamente impossível, mas como um poeta, ele ficou intrigado com o que isso revelava sobre a natureza humana. A possibilidade de tal crença absurda florescer em uma sociedade tão iluminada o intrigava profundamente.
Decidido a desvendar a origem dessa falsa crença, Yjelyus embarcou em uma jornada rumo à verdade. Com sua mente afiada e sua caneta poética em mãos, ele viajou pelos confins de Alpharion, conversando com sábios e buscando respostas nos livros antigos. Em cada cidade que visitava, ele encontrava resquícios dessa crença equivocada, percebendo como as histórias se distorciam e evoluíam com o tempo. Ao longo de sua jornada, Yjelyus encontrou pessoas cujas mentes haviam sido moldadas pelas telas brilhantes de seus dispositivos, incapazes de discernir entre a realidade e a ilusão. Ele testemunhou as mutações das mentes das pessoas, que se tornavam cada vez mais suscetíveis à desinformação e menos capazes de pensar criticamente. Os habitantes de Alpharion, outrora conhecidos por sua racionalidade e clareza, estavam se perdendo em um mar de informações distorcidas e narrativas enganosas.
Com cada descoberta, Yjelyus sentia sua determinação aumentar. Ele sabia que era sua responsabilidade como cientista e poeta desafiar as falsas narrativas e defender a busca pela verdade. Seu coração transbordava de empatia por aqueles cujas mentes haviam sido enganadas pelas telas, e ele estava determinado a guiá-los de volta ao caminho da lucidez. Suas conversas com os mais velhos revelavam saudade de uma época mais simples, enquanto os jovens se mostravam ansiosos por clareza e verdade. Finalmente, após dias de busca incansável, Yjelyus encontrou a fonte da teoria absurda sobre os ossos dos carapanãs: alguém estava espalhando desinformação em troca de riquezas e poder. Um charlatão havia se aproveitado da confiança do povo, usando a tecnologia para disseminar mentiras que lhe garantiam benefícios materiais. Com coragem e eloquência, Yjelyus expôs a verdade ao povo de Alpharion, desmascarando as mentiras e restaurando a confiança na ciência e na razão.
A revelação trouxe um misto de alívio e vergonha aos habitantes de Alpharion. Eles perceberam a importância de questionar e verificar a informação, e um novo movimento de pensamento crítico começou a florescer. Yjelyus, com sua sabedoria e sensibilidade poética, ajudou a pavimentar o caminho para uma nova era de discernimento e racionalidade. E assim, Yjelyus, o Cientista Poeta, provou que, mesmo em um mundo dominado por telas e ilusões, a busca pela verdade ainda podia prevalecer. Sua jornada não apenas dissipou a falsa crença sobre os ossos dos carapanãs, mas também inspirou uma nova era de pensamento crítico e discernimento entre os habitantes de Alpharion. Com a verdade restaurada, o reino voltou a brilhar com o esplendor da razão e da poesia, celebrando o equilíbrio entre conhecimento e inspiração.
Na mesma noite, após seu triunfo, Yjelyus partiu para Maya pelo Portal das Sete Cidades de Fora. Atravessando o portal, ele deixou para trás um legado de sabedoria e clareza, sabendo que sua missão continuaria a inspirar futuros exploradores da verdade e da beleza no vasto reino de Alpharion.
FIM
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Projeto Literário e Musical Primolius Nº 0774