Nº 0769 - UM PEIXE - CRÔNICA

 


À margem do rio-mar, onde as águas fluem incessantemente, jaz um peixe sem vida, a boca entreaberta em seu derradeiro suspiro. Seu corpo inerte repousa sobre as pedras úmidas, em meio à exuberância da natureza circundante. O rio-mar testemunha silenciosa de inúmeros ciclos, segue seu curso implacável, indiferente ao destino do peixe que repousa em suas margens.

Os mangueiros  dançam ao vento, os pássaros entoam seus cantos, mas uma sombra paira sobre a cena, lembrando-nos da fragilidade e da efemeridade da existência. A boca entreaberta do peixe parece implorar por respostas que jamais virão. O que o conduziu a esse fim? Uma correnteza traiçoeira, um anzol habilmente lançado, ou simplesmente o curso inevitável da vida e da morte na natureza?

Os olhos sem vida do peixe refletem a luz solar filtrada entre as copas das árvores, ecoando distante a vitalidade que um dia habitou seu corpo. Sua pele escamosa brilha fracamente à luz do dia, recordando-nos sua beleza e sua conexão com o mundo aquático que o sustentava.

E assim, à beira do rio - mar a vida segue seu eterno ciclo de renovação e despedida. O peixe sem vida é apenas mais uma peça no quebra-cabeça infinito dos destinos, uma breve lembrança da fugacidade de nossas existências.

À margem do rio, um peixe sem vida... 

- A quietude.


FIM

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Projeto Literário e Musical Primolius Nº 0769


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