Nº 0662 - VAQUEIRO DO CAMPO - COORDENADA GEOGRÁFICA 63 - CARTOGRAFIA DO IMAGINÁRIO POPULAR DE MAYANDEUA



 Alguém plantou uma jaqueira lá próximo da entrada dos barcos da vila. Quem plantou, já era encanecido e suas mãos mais ainda, pelo trabalho árduo de suas lidas. Ele plantou. Não sorriu durante o processo. Nem sequer cantou. Apenas inseriu aquela semente na essência da ilha. No fundo, aquele gesto concebia o fruto de uma delicada conclusão. Ele queria ir embora. Pois, já era o tempo de seu repouso permanente.

Por isso, de alguma forma, aquela semente poderia representa-lo no tempo e no espaço da ilha. Assim, a historia daquele Capitão, seria descrevido pelas folhas e sombras da sagrada Natureza dos mangueiros. Com este feito, o referido chefe selaria a sua Biografia. Não através de suas pescarias ou de suas viagens pelo mar aberto de Mayandeua. E sim pelas histórias de suas canções através de Toadas. Por esta razão o homem da velha epiderme plantou a semente. Ela brotou, nasceu, desenvolveu e gerou frutos “jaqueiros”. Enquanto o tempo fez o seu processo natural.

No entanto, o velho vento também o levou. Assim o vaqueiro das canções foi embora numa manhã de inverno. Na sequência, surgiu esta toada para o Capitão:


CANTIGA DAS SETE LUAS


Adiante do desejo

Vem chegando a força lunar

Menina lua, 

Vem trazendo a enchente com charme.

Vem brincar de boi bumbá.


Ilumina a lua dourada

Chama a princesa pra dançar

Preenche de cor as sete luas

Mayandeua é o meu lugar.


Sete luas na canção

Fruta graúda no esplendor

Maré cheia, ondas na areia.

Sete luas do meu amor.


Virgem da noite a cantar

Toca tambor para o povo bailar

E por baixo das sete luas

Mayandeua é a Deusa do Mar.


(Descanse em paz Capitão)


 © Copyright de Britto, 2020 – Pocket Zine

Projeto Musical e Literário Primolius Nº 169

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