Nº 0652 - PATURÚS - COORDENADA GEOGRÁFICA 53 - CARTOGRAFIA DO IMAGINÁRIO POPULAR DE MAYANDEUA



Em uma pequena vila chamada Camboinha, havia um lago denominado "Recanto do Lago" onde viviam os seres conhecidos como paturús. Esses adoráveis seres eram uma mistura inusitada de patos e urubus, com características únicas que os tornavam especiais.

Os paturús não voavam alto como os urubus, nem saíam em longas migrações como os patos. Em vez disso, preferiam passar o tempo nos pontas dos paus das cercas, observando a vida ao seu redor. Durante o dia, brincavam alegremente nas águas cristalinas do lago e faziam algazarras nas folhas dos coqueiros que cercavam a vila. Apesar de não voarem tanto, os paturús eram ótimos em encontrar comida. Recebiam petiscos jogados pelos vizinhos como sobra dos peixes tratados, e isso os deixava satisfeitos. Durante o calor do meio-dia até as quinze horas da tarde, preferiam descansar sob as sombras frescas dos coqueiros, onde conversavam animadamente sobre os outros seres da região. Eles falavam sobre os urubus majestosos e os patos coloridos que compartilhavam o mesmo ambiente. Mas o assunto que mais lhes interessava era o das histórias sobre seus primos mergulhões, que sabiam de tudo o que acontecia nas vilas vizinhas, como Algodoal e Fortalezinha.


Essas informações preciosas chegavam até os paturús graças aos vizinhos itaquerenses, que sempre traziam notícias de for a. Em uma dessas histórias, a seu próprio surgimento que ouviram de seus ancestrais sobre uma lenda intrigante envolvendo a misteriosa mucura mãe, que vivia nos arredores do mangal. Segundo a lenda, a mucura mãe estava em perigo, e apenas um urubu corajoso e uma pata destemida ousaram ajudá-la. Durante essa aventura, o urubu e a pata se apaixonaram perdidamente. Eles provaram que o amor não conhece fronteiras e que, apesar das diferenças, poderiam ser felizes juntos. A mucura mãe, tocada pela pureza desse amor, concedeu uma bênção aos dois: eles se tornaram os primeiros paturús, uma espécie única de seres apaixonados. Desde então, o lago "Recanto do Lago" tornou-se conhecido como o lugar onde os paturús, seres únicos, viviam em harmonia. A história do urubu corajoso e da pata destemida se espalhou pela vila de Camboinha, inspirando outros seres a enxergarem além das diferenças e abraçarem a diversidade. Os paturús continuaram a desfrutar de suas alegres brincadeiras nas águas cristalinas do lago e a se divertir nas sombras frescas dos coqueiros durante o calor do dia. Seu amor pela observação da vida ao redor e sua habilidade em encontrar comida persistiram, tornando-os uma parte essencial da fauna local.

Eles também continuaram a receber notícias de for a através dos itaquerenses vizinhos, que traziam histórias de outros lugares distantes, mantendo os paturús informados e conectados ao mundo além de Camboinha. Com o tempo, a lenda da mucura mãe e dos primeiros paturús se tornou parte da história da região, passada de geração em geração. Os paturús aprenderam a valorizar sua história e o poder do amor e união, que os tornaram uma espécie única e especial. Em épocas especiais, como a chegada da primavera, os paturús realizavam uma grande festa à beira do lago para celebrar o amor que os uniu e o presente da bênção da mucura mãe. Com o passar dos anos, o lago "Recanto do Lago" e os paturús de Camboinha se tornaram um símbolo de respeito às diferenças, amizade verdadeira e o poder transformador do amor. E assim, a história dos paturús continuou a encantar a todos que ouviam, mantendo viva a memória de como uma lenda misteriosa e um amor inesperado deram origem a uma espécie tão especial.

Coisas de Maya!

FIM

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Projeto Musical e Literário N° 0652


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