*Nº 0625 - A CUTIA ENCANTADA - SÉRIE: CONTOS FANTÁSTICOS DE MAYANDEUA

 


A história de Durplin é antiga, conhecida por poucos na ilha. Conta-se que, durante os tempos de colonização, caçadores inexperientes desapareceram misteriosamente ao adentrar a mata da Trilha Encantada. Dizem que eles cometeram atos contra a Natureza, despertando a ira de Durplin, a pequena e poderosa guardiã daquela região. Hoje, Primolius nos narra o destino trágico desses caçadores.

Durplin é uma criatura pequena e ágil, com olhos reluzentes como estrelas no céu noturno. Sempre fugidia, ela desliza pela floresta com graça e rapidez, deixando para trás apenas um farfalhar suave nas folhas. Os moradores locais contam que aqueles que invadem seus domínios com intenções maliciosas são amaldiçoados e transformados em pequenas pedras de carvão, condenados a permanecer eternamente na mata como lembrança de sua arrogância.

Certa vez, um grupo de caçadores audaciosos decidiu desafiar a lenda. Ignorando os alertas dos anciãos da ilha, eles entraram na mata encantada, confiantes de que eram mais fortes do que qualquer superstição. No início, tudo parecia normal, mas logo perceberam que algo estava errado. A bússola girava sem direção, os raios solares desapareciam entre as copas das árvores e os animais da floresta se afastavam, como se fugissem de uma ameaça invisível.

Foi então que avistaram Durplin. Sentada tranquilamente próxima a uma grande árvore ancestral, ela parecia observá-los com calma e curiosidade. Os caçadores, porém, não deram importância à pequena cutia e continuaram seu caminho. Não demorou muito para que notassem que estavam perdidos. As árvores pareciam todas iguais, e nenhum sinal de trilha ou direção podia ser encontrado. Desesperados, decidiram seguir Durplin, que agora parecia zombar deles, saltando de galho em galho com incrível agilidade. A cada passo que davam para alcançá-la, ela escapava ainda mais rápido, levando-os cada vez mais fundo na mata.

Depois de horas de perseguição, os caçadores começaram a sentir suas roupas pesarem, como se carregassem o peso do próprio arrependimento. Uma sensação estranha tomou conta de seus corpos, drenando-lhes a energia. De repente, perceberam que seus pés estavam presos ao chão, com raízes grossas e escuras crescendo ao redor deles. Tentaram se libertar, mas era tarde demais. A maldição de Durplin havia caído sobre eles.

Horas depois, um grupo de busca enviado pelos colonizadores encontrou apenas pedras de carvão espalhadas pelo chão da floresta. A lenda de Durplin estava mais uma vez confirmada, e a mata permaneceria protegida dos caçadores imprudentes. Dizem que Durplin ainda está lá, adormecida no tronco de uma grande árvore, esperando o chamado dos Encantados para despertar novamente e defender a Natureza.


FIM

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Projeto Musical e Literário Primolius Nº 0625

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