Nº 0549 - UM BALANÇO NA MANGUEIRA DA INFÂNCIA - CONTO

 



Na sombra da velha mangueira, a jovem recordava-se de sua infância como um doce sabor que permanecia na memória. O balanço, pendurado pelos fortes galhos da árvore, era seu refúgio secreto onde os sonhos se entrelaçavam com a brisa suave da tarde de Mayandeua. Ao subir naquele balanço desgastado pelo tempo, Myris  sentia a nostalgia envolvê-la como uma manta acolhedora. Seus pés descalços tocavam o céu riscado de nuvens brancas, e o mundo lá embaixo parecia diminuir diante da grandiosidade da mangueira de frente para o grande mar.

As folhas da árvore sussurravam histórias que só crianças entendiam, e o balanço dançava ao ritmo das lembranças. A moça viajava para terras distantes em sua mente, guiada pela imaginação que só a infância permitia. Cada balançar era um capítulo da sua própria história, repleto de risos, descobertas e pequenas aventuras. A mangueira era testemunha silenciosa do crescimento de Myris, dos segredos compartilhados com amigos imaginários e das lágrimas secas pelo calor do sol e do sal na ilha.

O tempo passou, mas o balanço na mangueira permanecia como um elo intemporal entre a mulher e sua infância. Agora, ao revisitar aquele lugar, ela entendia que, assim como as folhas caídas da mangueira, as lembranças também se renovavam, caindo suavemente no solo da sua memória.

E assim, entre as risadas e suspiros, Myris  balançou-se mais uma vez naquela tarde, celebrando a magia eterna que só uma mangueira na infância poderia oferecer.  O balanço continuava a oscilar, como um abraço do passado. Lá no horizonte o sol de Mayandeua indo embora.

- Myris fecha o olhos e sorri para o tempo.... 

- Coisas desta ilha!


FIM

Copyright de Britto, 2022

Projeto Literário e Musical Primolius Nº 0549






Mensagens populares