*Nº 0533 - PRINCESA SEREIA DE ALGODOAL - SÉRIE: CORDÉIS DE MAYANDEUA





I


Há muito tempo, num Brasil de colonização,

Nas águas do Norte, navegadores em ação,

Histórias enigmáticas, destinos entrelaçados,

E o navegador, sua família ao lado.


II


Navegando perto de Mayandeua, terra distante,

Com sua tripulação amada e radiante,

Filha, jóia da embarcação, brilho lunar,

Serena como vento, manhãs de águas do mar.


III


A jovem, com vinte anos, princesa deste sagrado lugar,

No entanto, o Amor a fez se entregar,

Aos braços de um marinheiro, promessa de união,

Num casamento, terras do além-mar, funesta visão.


IV


O pai, capitão, soube do infortúnio, da paixão,

Direcionou a Lei, ordens em sua mão,

Mandou ao mar o inimigo sem perdão,

Roubou o que era precioso, honra em questão.


V


O momento dos príncipes, adiado pela ação,

Do pai desesperado, sem ponderação,

A jovem, em desespero, num salto caiu ao mar,

Buscando salvar seu amor e ao destino foi se entregar.


VI


O pai, vendo-a pela última vez, chorou,

Seu grito de angústia em toda tripulação ecoou,

Culpado por insanidade paternal, então,

Decretou: a embarcação ficaria naquele mar e chão.


VII


Décadas passaram, busca incessante, em vão,

A jovem nunca foi encontrada, na imensidão,

Mas, relatos nas ilhas próximas, então,

Havia uma sereia em mares baixos que cantava a solidão.


VIII


Em pedras como a Chorona, nas margens do mar,

A princesa cantava, a vida a ecoar,

Animais da ilha, perto, a escutar,

A canção de lamento, saudade a pairar.


IX


Passaram anos, a princesa a vagar e nadar,

Praia da Caixa d'Água, seu lugar a sondar,

Vestida de épocas distantes a caminhar,

Nas noites de luar, mistério a criar.


X


Tempo passou, lenda a se tornar,

A princesa em outras rotas a se aventurar,

Na ilha, seu navio iluminado a brilhar,

Pai enlouquecido, também se jogou ao mar.


XI


Tripulação encantada, pela ilha a navegar,

Comandante agora, a princesa a liderar,

Pedras do Boaidor, seu navio a ancorar,

Mas poucos podem vê-lo, segredos a revelar.


XII


Muitos seguiram a princesa em devoção,

Em uma aparição, contou sua aflição,

Prisioneira de uma serpente, escuridão,

Desejava a libertação, paz em suas mãos.


XIII


Coragem era o que o humano precisava,

Enfrentar a serpente, a sina que encantava,

Dois cortes em cruz, a cabeça almejada,

Libertação da princesa, recompensas aclamadas.


XIV


Mas nenhum encontro trouxe a vitória,

A serpente continuou em sua trajetória,

A princesa nas tardes, em sua glória,

Cantando para os encantados, saudade em memória.


XV


E assim, nas tardes da ilha, a princesa a encantar,

Confidentes encantados a escutar,

E a serpente, seu destino a conspirar,

Notas musicais, saudade a ecoar.


XVI


Narração e cordel, unidos a contar,

A lenda da princesa, eterna a brilhar,

Em Mayandeua, no Norte a navegar,

A história que o tempo não pode apagar.


XVII


Nas noites de tempestade, seu canto ecoava,

Atraindo os navegantes, como uma armadilha montava,

Mas quando viam seu rosto, sua tristeza entendiam,

E partiam, deixando-a sozinha, com a saudade que sentiam.


XVIII


A serpente, entrelaçada em seu destino sombrio,

Impedia a princesa de encontrar o alívio,

Mas ela nunca desistia, sua esperança persistia,

Acreditava que um dia, a liberdade viria.


XIX


Nas areias da ilha, ela deixava pegadas,

Marcas de sua jornada, de suas madrugadas,

Cada passo contava a história de sua vida,

Uma busca incansável, sempre sofrida.


XX


E assim, a lenda da princesa do mar,

Perdurou por séculos, sem se apagar,

Em Mayandeua, seu espírito a vagar,

Cantando a sua canção sempre nas noites de luar.


XXI


Hoje, sua história é contada com devoção,

Um tributo à princesa, à sua canção,

Um lembrete de que o amor e a coragem,

Podem superar qualquer adversidade, em qualquer idade.


XXII


Em noites de lua cheia, ela se elevava,

Das profundezas do mar, à superfície voltava,

Seus cabelos dourados, como fios de ouro a brilhar,

Encantando a todos que a viam na maré dançar.


XXIII


Os pescadores, em suas canoas, a observavam,

Com olhos admirados, a ela se rendiam,

Mas a princesa do mar, com tristeza em seu olhar,

Sabia que seu destino ainda estava por desvendar.


XXIV


Um dia, um jovem pescador, destemido e audaz,

Decidiu desafiar a serpente, com determinação capaz,

Ele enfrentou a fera, com uma lança em mãos,

E num combate épico, não conseguiu derrotar a maldição.


XXV


Assim, a história da princesa do mar,

Segue encantando corações, sem cessar,

Em versos de cordel, continuaremos a contar,

Esta saga de amor que nunca irá acabar.


FIM

Copyright de Britto, 2022

Projeto Literário e Musical Primolius Nº 0533





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