* Nº 0494 - TRILHAS DE ESPERANÇAS - SÉRIE : CONTOS DE MAYANDEUA

 


Clara sempre teve um fascínio irreprimível pelas dunas costeiras que pintavam a paisagem da pequena vila onde cresceu. Desde tenra idade, aquelas dunas moldadas pelo vento pareciam sussurrar canções de ninar, convidando-a a explorar suas vastas extensões. Para ela, as dunas não eram apenas formações geográficas; eram guardiãs silenciosas do tempo, desenhando horizontes que mudavam constantemente.

Um dia, algo além do habitual chamou sua atenção. As dunas, antes vibrantes e imponentes, agora pareciam cansadas, quase irreconhecíveis. Suas curvas suaves estavam marcadas por erosões profundas, e a vegetação rasteira que outrora as envolvia começava a rarear. Guiada por sua curiosidade insaciável, Clara sentiu-se compelida a desvendar o mistério por trás dessas transformações. O que teria acontecido? Seriam as mãos humanas responsáveis ou o caprichoso e incessante baile entre o clima e a geografia?

Determinada a encontrar respostas, Clara mergulhou em uma investigação meticulosa. Passou horas estudando sobre dunas costeiras, conversando com os anciões da vila — guardiões de histórias e memórias locais — e consultando um geólogo da cidade vizinha. Cada nova informação era como um fragmento de um mosaico que, aos poucos, começava a revelar uma imagem completa.

O geólogo explicou que as dunas haviam passado por transformações naturais ao longo dos anos, moldadas pela força do vento, pelas chuvas intensas e pela própria vegetação. A partir de então, Clara tornou-se uma guardiã fervorosa dessas formações costeiras. Sua dedicação ia além de projetos de restauração; ela se empenhava em educar a comunidade sobre a importância das dunas e em criar trilhas ecológicas que permitissem às pessoas admirar sua beleza sem comprometer sua fragilidade. Para Clara, era essencial que as dunas continuassem a contar suas histórias para as futuras gerações.

Com o passar do tempo, as dunas costeiras transformaram-se em um marco de sucesso na conservação ambiental. Clara, agora reconhecida como uma defensora incansável da natureza, continuava a compartilhar seu amor e conhecimento com todos que cruzavam seu caminho. Seu legado ecoava em toda a comunidade de Mayandeua, que celebrava e protegia a beleza dinâmica da ilha.

As dunas, que um dia pareceram tão vulneráveis, agora erguiam-se novamente como símbolos de resiliência e esperança. E Clara sabia que, enquanto houvesse pessoas dispostas a ouvir seus sussurros, elas permaneceriam um tesouro natural, eternamente vivo e em constante transformação.

- Assim esperamos!


FIM

Copyright de Britto, 2022

Projeto Literário e Musical Primolius Nº 0494


Mensagens populares