TEMPESTADE - 0510 - CONTO

 



Naquela praia isolada, a vida transcorria pacificamente, onde os dias pareciam se repetir sem surpresas. Mas tudo isso mudou quando uma tempestade impiedosa desceu sobre o cenário.

Assim que o vento forte começou a rugir, o mundo ao redor pareceu congelar no tempo. Os  mangueiros curvaram-se perante a fúria dos elementos, e o céu escureceu rapidamente. A chuva veio em torrentes, como se o próprio céu estivesse chorando. Dentro da casa de praia, os moradores se abrigaram, observando a tempestade com um misto de medo e fascinação. O vento uivava e sacudia as janelas, enquanto o som ensurdecedor do trovão ecoava por toda a ilha.

No meio dessa tempestade avassaladora, o tempo parecia ter perdido seu curso normal. Os segundos se esticaram em minutos intermináveis, e o mundo exterior tornou-se um borrão indistinto. Era como se o universo tivesse criado um espaço próprio para a tormenta, onde as regras cotidianas não se aplicavam mais. A tempestade, impiedosa e caprichosa, deixou sua marca na praia. Mangueiros foram arrancados pela raiz, construções foram danificadas e os lagoa foram inundados. E, dentro de cada casa, sonhos foram abalados e vidas foram afetadas de maneira inesperada. Mas o observador atento da vida, testemunhou tudo  em silêncio. Este, observando o vento violento e suas sete cores, encontrou refúgio nos seus escritos. Em cada palavra que traçava na areia, buscava entender e expressar a complexidade do momento. Escreveu sobre a tempestade, sobre suas nuances e seu poder avassalador.

Então, como se a tempestade tivesse esgotado sua ira, o vento finalmente se acalmou. O poente chegou e, como por encanto, tudo adormeceu. O poema que eu havia escrito parecia ter cumprido sua missão e, junto com o tempo, descansou. O mundo ao  redor mergulhou em um profundo sono, e até mesmo Deus parecia ter se recolhido para descansar. Este, por sua vez, encontrou a paz na quietude que se seguiu. E, como em um ciclo eterno, o tempo eventualmente acordou. A praia despertou para mais um amanhecer, como se a tempestade nunca tivesse acontecido. A tranquilidade retornou à paisagem, e a vida continuou seu curso, lembrando-nos de que, mesmo diante da mais feroz tempestade, o sol sempre volta a brilhar.

 - E ao longe ouve-se os trovões indo para as cidades....

- Primo vento trabalhando!

 

FIM

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Projeto Literário e Musical Primolius Nº 0510







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