* Nº 0461 - ENCONTRO DE ENCANTADOS - SÉRIE: CONTOS FANTÁSTICOS DE MAYANDEUA
Há muito tempo, na floresta amazônica, vivia o lendário Curupira, o guardião das matas e protetor dos animais. Um dia, ele recebeu um convite especial: a Feiticeira da Mata da Ilha de Mayandeua o chamava para visitar a Vila de Algodoal, onde acontecia a famosa Festa do Caju. Encantado com a ideia de conhecer as deliciosas iguarias da celebração, Curupira partiu em sua jornada.
No entanto, ao atravessar a Trilha Encantada de Camboinha para Fortalezinha, algo inesperado aconteceu. A trilha, naquela época, estava cheia de perigos desconhecidos. Durante o caminho, Curupira encontrou uma fonte de água cristalina que parecia irresistível. Sedento, ele bebeu sem perceber que a água estava envenenada. O efeito foi devastador: seu cabelo de fogo transformou-se em cinzas, e seus poderes de proteção sobre a floresta enfraqueceram.
Muito longe dali, o travesso Saci, o pequeno ser de uma perna só, sentiu que algo estava errado. Uma mudança no vento do mar e sussurros nas brisas de setembro das Costas do Norte trouxeram notícias do estado de Curupira. Sem hesitar, o Saci lançou-se aos ventos, viajando em redemoinhos até a Amazônia. Chegando às matas do Centro de Mayandeua, ele encontrou seu amigo Curupira enfraquecido e desanimado, deitado em uma rede.
"Curupira, o que aconteceu com você?" perguntou o Saci, preocupado. O Curupira explicou sobre a água envenenada e como havia perdido suas forças. Determinado a ajudar, o Saci usou seus poderes de travessura para atrair os animais da mata. Juntos, eles reuniram plantas medicinais e realizaram rituais de cura. Dia após dia, a saúde de Curupira melhorava, e seu cabelo de fogo começou a brilhar novamente.
Completamente recuperado, Curupira expressou sua gratidão pela amizade do Saci e pelo apoio dos animais da mata. Os dois amigos decidiram continuar a jornada até a Vila de Algodoal, onde celebrariam não apenas a Festa do Caju, mas também a restauração dos manguezais da vila. Na Trilha Encantada, à medida que avançavam, eles encontraram criaturas mágicas da mata: fadas das águas, espíritos das árvores, o macaco Clou, o gato Cats e até mesmo a Bruxa Camaleoa, que apareceu para saudá-los. Cada encontro era uma festa e uma lição sobre o respeito pela natureza e a importância de proteger Mayandeua.
Finalmente, guiados pelos Encantados desde a Pedra Chorona, Curupira e Saci chegaram à Vila de Algodoal. A festa estava repleta de cores vibrantes, danças tradicionais e comidas deliciosas feitas com cajus frescos e aluás. Enquanto celebravam, Curupira e Saci compartilharam histórias de suas aventuras e mensagens de preservação da floresta. No auge da festa, algo misterioso aconteceu. Uma linda mulher surgiu no centro da celebração. Seus cabelos negros como a noite e olhos profundos como os rios da Amazônia capturaram a atenção de todos. Seu vestido azul reluzia sob os refletores, e ela começou a dançar uma dança hipnotizante. Era como se a própria mata tivesse se transformado em uma mulher.
Curupira e Saci sentiram uma aura poderosa de magia ao redor dela, conectada à essência da Amazônia. Quando a dança terminou, a mulher revelou sua identidade: "Sou a Princesa da Vila de Algodoal!" A multidão aplaudiu, tirou selfies e continuou a festa, agora ainda mais encantada. A Princesa, com um sorriso radiante, agradeceu a todos por sua dedicação à preservação da natureza. Ela enfatizou que a magia da Amazônia dependia do equilíbrio e do cuidado de todos. Sob o céu estrelado, humanos e entidades comemoravam juntos, unidos pela magia da ilha.
Dizem que o Saci ficou muitos dias em Mayandeua. Há rumores de que ele se apaixonou por uma entidade da ilha. Mas, segundo Primolius, essa é uma nova aventura que ainda será contada. E assim, naquele espaço paradisíaco, a Festa do Caju tornou-se mais uma lembrança eterna da harmonia entre o homem e a natureza.


