* Nº 0493 - CONVERSAS TEMPORIZADAS - SÉRIE: CRÔNICAS DE MAYANDEUA
Na tranquila Ilha de Mayandeua, rodeada por águas repletas de uma incrível diversidade de vida marinha, duas histórias de vida se entrelaçavam: a do pescador Mateus e a do caçador Pedro. Embora seus meios de subsistência fossem diferentes, ambos compartilhavam uma profunda conexão com os ricos ambientes aquáticos e terrestres da ilha.
Desde criança, Mateus aprendeu com seu pai os segredos do mar. A pesca era sua paixão e sustento. Com seu barco, o "Maré Alta", ele lançava sua rede todas as manhãs, capturando peixes de todas as formas e cores, desde pequenos peixinhos até as majestosas piramutabas e as cobiçadas douradas. Durante o período chuvoso, a abundância de peixes era notável, com a água transbordando de vida. Mateus e sua família dependiam dessas águas generosas para sobreviver.
Enquanto Mateus dominava as águas, Pedro era um homem da floresta. Conhecedor dos segredos das matas da ilha, ele caçava e coletava alimentos na exuberante vegetação. Durante o período chuvoso, ele rastreava pegadas de animais que subiam os rios para se reproduzir, pegando algumas para sua família e para vender na vila. No período seco, quando a caça era menos abundante, Pedro buscava outras alternativas frutas e peixes nos estuários da região.
Em uma tarde tranquila, após um dia bem-sucedido de pesca, Mateus ancorou seu barco na praia onde Pedro costumava trazer suas caças. Ali, os dois homens se encontraram enquanto Mateus arrumava suas redes. Foi assim que começou uma amizade que transcendia suas diferentes ocupações.
"Como foi a pesca hoje, amigo?", perguntou Pedro com um sorriso no rosto.
Com entusiasmo, Mateus respondeu: "Foi um dia incrível, Pedro! Peguei algumas douradas e piramutabas grandes o suficiente para alimentar a vila por dias."
Pedro assentiu e disse: "Isso é ótimo. Hoje também foi um bom dia para mim na floresta. Consegui algumas frutas e ovos frescos de patos do mato."
Enquanto observavam o pôr do sol sobre as águas calmas da ilha, os dois homens compartilharam suas histórias e experiências. Apesar de suas profissões diferentes, eles compartilhavam um profundo respeito pela natureza e uma compreensão fundamental: seus meios de subsistência dependiam da harmonia entre os ambientes aquáticos e terrestres da ilha.
À noite, Mateus convidou Pedro para sua casa, onde prepararam um jantar com os peixes frescos que Mateus pegara durante o dia. Pedro, por sua vez, compartilhou frutos e ervas colhidos na floresta. Enquanto saboreavam a refeição, a conversa fluía e a amizade entre o pescador e o caçador se fortalecia. Ambos reconheciam que, juntos, podiam proteger e preservar aquele paraíso natural para as futuras gerações.
Assim, Mateus e Pedro assumiram o compromisso de trabalhar em conjunto para preservar a Ilha de Mayandeua, garantindo que as águas cristalinas e as exuberantes matas permanecessem ricas em vida. Juntos, eles promoveriam práticas sustentáveis de pesca e caça, respeitando os ciclos naturais e buscando equilíbrio entre suas atividades e o ambiente. Essa parceria fortaleceria não apenas a amizade entre eles, mas também a conexão com a riqueza natural da ilha, garantindo sua preservação para as gerações futuras.
- E assim foi durante muitos anos.
- Hoje, temos outras histórias. Não tão abundantes!
FIM
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Projeto Literário e Musical Primolius Nº 0493


