* Nº 0481 - CANÇÃO PARA AÇAIZEIROS - SÉRIE: CONTOS DE MAYANDEUA
Um casal de estudiosos, profundamente enraizado na Amazônia por sua paixão compartilhada pela natureza, realizou seu sonho de explorar a exuberante floresta tropical. Desde que chegaram à região, ambos ficaram imediatamente impressionados com a profusão de cores, sons e fragrâncias que os cercavam. Cada passo dentro da mata parecia revelar um novo segredo, uma nova maravilha. Guiados por experientes locais, eles embarcaram juntos em uma jornada de descoberta pela densa floresta.
A cada curva do caminho, novas surpresas surgiam: o brilho intenso das penas de um tucano voando entre as copas das árvores, o farfalhar suave das folhas ao vento e o aroma adocicado das frutas silvestres que cresciam aos pés dos enormes troncos. A Amazônia não era apenas um lugar para ser estudado; era um mundo vivo, pulsante, cheio de histórias que pareciam sussurrar aos ouvidos atentos daqueles que se dispunham a escutá-la.
Em uma noite especial, durante um acampamento às margens de um rio tranquilo, o casal foi agraciado com um espetáculo extraordinário da natureza. Um açaizeiro próximo começou a emitir sons suaves e melodiosos, como se estivesse cantando para a lua que se erguia majestosamente no céu. As folhas verdes da árvore dançavam ao ritmo da brisa noturna, e todos os sons da floresta se uniram em uma sinfonia mágica. Era como se a própria floresta estivesse viva, respondendo ao chamado da lua.
Os pássaros locais piavam em coro, como se estivessem participando de um concerto celestial. A ventania que vinha do rio contribuía com seu próprio tom à música da noite, como se o próprio rio estivesse sussurrando segredos. A lua, com sua luz refletida nas águas escuras do rio, parecia dançar graciosamente sobre a superfície, criando uma trilha luminosa que guiava os olhos até o horizonte. O casal de estudiosos, completamente absorvido pelo espetáculo, permaneceu em silêncio, maravilhado com a cena. Era como se a lua estivesse lutando com as águas do rio, ao mesmo tempo abençoando a floresta com sua luz suave.
Enquanto a noite avançava, o casal de estudiosos se sentiu hipnotizado pelo poder da natureza na Amazônia. O açaizeiro, aos poucos, adormecia, seus galhos parando de balançar, como se também estivesse exausto após sua vigília noturna. Os pirarucus nadavam nas águas profundas do rio, suas escamas reluzindo brevemente sob a luz da lua antes de desaparecerem nas sombras. A floresta continuava sussurrando seus segredos ao vento, mas agora com um tom mais suave, quase como uma canção de ninar.
Naquela noite, eles compreenderam que a Amazônia era mais do que apenas uma floresta; era um ser vivo, uma entidade com uma alma própria. Eles sabiam que sua jornada de descoberta estava apenas começando, pois a natureza poderosa e misteriosa da Amazônia continuaria a guiá-los em sua busca por conhecimento e compreensão.
Enquanto o açaizeiro dormia, o casal retornou ao acampamento, levando consigo a promessa de voltar. Não como meros observadores, mas como parte integrante dessa vasta e intrincada teia de vida. Pois, naquela noite, eles aprenderam que a verdadeira harmonia está em escutar, sentir e respeitar o ritmo ancestral da floresta.
E assim, enquanto o açaizeiro dorme, a Amazônia continua a viver, respirar e sonhar, aguardando aqueles que voltarão para ouvir novamente sua melodia eterna.
- Que Assim Seja!
FIM
Copyright de Britto, 2022
Projeto Literário e Musical Primolius Nº 0481


