* Nº 0311 - POITAS DA VIDA - SÉRIE: CONTOS DE MAYANDEUA

 


Isleryus era um pescador experiente, cujas histórias de aventuras no mar eram contadas com admiração pelos habitantes da pitoresca ilha de Mayandeua. Ali, onde a vida girava em torno das águas, ele se destacava como um homem de habilidade e coragem. Um dia, enquanto lançava suas redes ao Rio Marapanim, uma onda traiçoeira surgiu inesperadamente, arrastando sua âncora para as profundezas. Sem o peso que mantinha sua embarcação estável, ela começou a dançar ao sabor das marés, tornando a pescaria quase impossível.

Desafiado pelas condições adversas, Isleryus decidiu enfrentar o problema com criatividade. Lembrando-se das narrativas dos antigos pescadores sobre o uso de poitas improvisadas, ele buscou inspiração no conhecimento ancestral. Com determinação, pegou uma tábua resistente, amarrou algumas pedras grandes e confeccionou uma poita robusta, transformando o desafio em uma solução prática.

A poita improvisada estabilizou a embarcação, permitindo que Isleryus lançasse suas redes com precisão renovada. Enquanto aguardava pacientemente, ele percebeu que o movimento suave do barco na maré tinha algo de hipnotizante, como se o próprio mar estivesse cochilando, compartilhando seus mistérios mais profundos. Era uma sensação de conexão com o oceano, como se ele fosse parte de algo muito maior do que sua pequena embarcação.

Horas se passaram, e ao recolher suas redes, Isleryus ficou surpreso ao ver que elas estavam repletas de peixes de todos os tamanhos e cores. A poita improvisada havia cumprido sua função admiravelmente bem. Enquanto arrumava sua pesca, ele sentiu uma profunda gratidão pelo mar e sua generosidade inesgotável, que sempre oferecia algo em troca de respeito e engenhosidade.

Com o coração transbordando de alegria e sua embarcação carregada de peixes, Isleryus retornou à vila de Mayandeua. Ele compartilhou sua história com outros pescadores, inspirando-os a enfrentar os desafios com criatividade e coragem. O incidente com a âncora, que poderia ter sido uma derrota, transformou-se em uma lição valiosa sobre adaptabilidade e resiliência. A poita improvisada tornou-se um símbolo de que, mesmo nas águas mais agitadas, sempre é possível encontrar estabilidade e seguir em frente.

Assim, as histórias de Isleryus ecoaram junto com o som das ondas, perpetuando a tradição de enfrentar o desconhecido com coragem e imaginação. E, nas conversas à beira-mar, sua sabedoria continuou a inspirar gerações, lembrando a todos que o mar, apesar de imprevisível, sempre guarda ensinamentos para aqueles dispostos a ouvi-lo.

- E assim foi!


FIM

Copyright de Britto, 2021

Projeto Literário e Musical Primolius Nº 0311



Mensagens populares