Nº 0450 - UM LUGAR AO LADO DO MUNDO - CRÔNICA AMBIENTAL


 



Era uma vez uma pequena vila à beira-mar, onde as pessoas viviam em casas coloridas e de janelas abertas, permitindo que os nervos da pele captassem as histórias e segredos dos vizinhos perfeitos. Ali, havia um jardim exuberante repleto de orquídeas, que não apenas encantavam os olhos, mas também nasciam em muitos corações. Essas flores exóticas pareciam simbolizar a união entre as pessoas daquela comunidade.

Porém, não muito longe dali, existiam ilhas habitadas por indivíduos que escondiam suas verdadeiras faces, disfarçando suas emoções como cílios dissimulados. Eles optavam por sacrificar os remédios de alma, buscando em vez disso receitas "webanas", aquelas que prometiam solucionar tudo em poucos cliques. Enquanto isso, os nervos da pele daqueles que viviam próximos aos mangues e praias  teciam novos labirintos, encontrando tesouros esquecidos no lixo deixado por visitantes desatentos. 

O tempo passava, muitos mantinham  a memória daqueles tempos iluminados, quando as areias eram brancas como pérolas. No entanto, havia algo que perturbava os nervos daquela comunidade:  músicas com decibéis altíssimos  ecoavam pelas vielas e manguezais. Naquele local havia um homem conhecido como  "ele", era um homem de mistérios e segredos, que habitava uma selva de tijolos na periferia da vila. Esse homem peculiar tinha um dom único, capaz de conectar-se com a essência da ilha, aspirando o cheiro do oceano como se fosse sua própria vida. Através das experiências de muitos  ele aprendia novas receitas de vida, como se fossem sussurros suaves das ondas do mar. Este, corria por entre as praias com pressa, ouvindo o som do mar, embora não fosse apreciado por seus ouvidos sensíveis. Mas nada o detinha, pois ele era movido pelo desejo de encontrar um santuário especial para suas orquídeas que dizia para todos que eram mágicas.

Enquanto os labirintos sussurravam entre si, as vozes das pessoas não se calavam, mas agora era o som de sorrisos que enchia o ar. Velas brilhavam no horizonte, era o tempo das regatas e o vento forte lá fora direcionava novas perspectivas para aquela comunidade. Assim foi a chegada de um novo dia naquela vila à beira-mar.   E assim, a história continuava, tecendo laços entre aqueles que viviam na magia daquela vila cheia de vida e mistério.

À medida que os dias passavam, a vila à beira-mar começava a se transformar em um lugar de encontros mágicos e eventos inesperados. "Ele" direcionou o segredo das orquídeas para todos os moradores da vila. Reconhecendo o seu potencial valor os moradores descobriram que as orquídeas do jardim exuberante tinham propriedades curativas incríveis, capazes de aliviar dores físicas e emocionais. As pessoas começaram a se reunir no jardim, compartilhando histórias e experiências enquanto as flores exalavam seu perfume suave.

Enquanto isso, "ele", o homem dos mistérios, continuava sua busca por um santuário especial para suas orquídeas. Ele explorava as ilhas próximas, navegando em seu pequeno barco em busca de um lugar sagrado onde as flores pudessem florescer em sua plenitude. Em suas viagens, ele encontrou outras almas solitárias, cada uma com suas próprias histórias e segredos. Juntos, formaram uma improvável aliança, unidos pelo desejo de encontrar um lugar que transcendesse as limitações do mundo material. Na vila, a energia e a magia das orquídeas começaram a atrair a atenção de pessoas de lugares distantes. Curiosos e atraídos pelos rumores sobre as propriedades curativas das flores, visitantes começaram a chegar à vila em busca de cura e transformação. Alguns eram céticos e desconfiados, enquanto outros estavam abertos para experimentar algo novo.

Essa nova dinâmica trouxe desafios para a vila à beira-mar. Alguns moradores temiam que a chegada dos visitantes alterasse a tranquilidade e a autenticidade do lugar. Surgiram conflitos e discussões sobre como lidar com a crescente influência externa. No entanto, outros viam uma oportunidade de crescimento e troca cultural, enxergando os visitantes como uma fonte de inspiração e aprendizado. Enquanto a vila debatia seu futuro, "ele" e seus companheiros navegavam pelas ilhas em busca de respostas. Em uma de suas expedições, eles descobriram uma ilha remota, escondida entre névoas misteriosas. Era um lugar intocado pelo tempo, onde a natureza florescia em sua forma mais selvagem. Ali, encontraram um santuário natural, um jardim secreto onde as orquídeas podiam crescer em total harmonia com o ambiente. Ao retornar à vila, "ele" compartilhou sua descoberta com os moradores. A notícia trouxe esperança e renovação aos corações daqueles que acreditavam na magia das orquídeas. Decidiram organizar uma grande celebração para comemorar a união entre a vila e o santuário secreto. Convidaram os visitantes a participar, tornando-os parte da história da vila.

No dia da celebração, as vielas e praças da vila foram decoradas com flores coloridas, os aromas enchiam o ar e a música ecoava pelos manguezais. Moradores e visitantes se uniram em uma dança alegre, celebrando a conexão entre as pessoas e a natureza. E, no auge da festa, "ele" e seus companheiros trouxeram as orquídeas do santuário secreto, enchendo a vila com sua beleza exótica. A partir desse momento, a vila à beira-mar se transformou em um lugar de cura, amor e renovação. As pessoas aprenderam a valorizar a magia que existia dentro e ao seu redor, reconhecendo que a verdadeira essência da vida estava além das aparências e das fachadas. A vila se tornou um exemplo de harmonia entre a comunidade e a natureza, um refúgio para aqueles que procuravam se reconectar com o que era verdadeiro e essencial.

E assim, a história da pequena vila à beira-mar continuou a ser escrita, cheia de encontros inesperados, aventuras e descobertas. Cada capítulo trazia novos personagens, desafios e lições de vida. Mas o fio condutor que unia todos era o poder das orquídeas, símbolo de união, transformação e a eterna busca pela conexão com a essência da vida. E assim, a vila à beira-mar permaneceu como um lugar mágico, onde os corações e as histórias se entrelaçavam em harmonia com a natureza, continuando a tecer a tapeçaria da vida.

- Primolius também relatou que muitos estão querendo usar "timbó' nos arredores da ilha e "ele" só esta esperando... Junto com uma dezena de Encantados da ilha.

- Vixi!     


FIM

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Projeto Musical e Literário Primolius Nº  0450


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