Nº 0416 - O MERO E O CAMARÃO – SÉRIE: FÁBULAS DE MAYANDEUA

 



Era uma vez um peixe Mero e um camarão que viviam em uma ilha chamada Mayandeua. Eles eram amigos inseparáveis, sempre prontos para inventar novas aventuras e se divertir explorando os segredos da ilha. Apesar de suas diferenças, eles se completavam perfeitamente.

O peixe Mero era grande e forte, com escamas azuis brilhantes e olhos verdes como o mar. Corajoso e aventureiro, ele adorava explorar as cavernas submarinas ao redor da ilha, mas sua curiosidade às vezes o colocava em situações inusitadas e até desastradas. Já o camarão era pequeno e ágil, com uma casca vermelha vibrante e antenas compridas que pareciam tocar cada detalhe do ambiente. Inteligente e criativo, ele tinha talento para inventar coisas com objetos encontrados na areia ou entre as algas. No entanto, seu temperamento medroso e ansioso o fazia sobressaltar-se facilmente com sombras e barulhos no fundo do mar.

Apesar dessas diferenças, os dois formavam uma dupla imbatível. Um dia, enquanto descansavam à sombra de um manguezal submerso, tiveram uma ideia brilhante: organizar uma grande festa para todos os seus amigos da ilha!

"Que tal se fizéssemos uma festa para os nossos amigos?" — sugeriu o peixe Mero, empolgado.

"Uma festa? Como assim?" — perguntou o camarão, curioso.

"Uma festa com muita comida gostosa, música animada e diversão garantida!" — explicou o peixe Mero, com os olhos brilhando de entusiasmo.

"E que tipo de comida vamos servir?" — indagou o camarão, intrigado.

"Frutas tropicais, é claro! Somos os melhores colhedores da ilha!" — afirmou o peixe Mero, confiante.

"E nós vamos comer também?" — questionou o camarão, preocupado.

"Claro que sim! Seremos os anfitriões da festa! Vamos fazer tudo com muito carinho e cuidado para os nossos amigos!" — garantiu o peixe Mero, generoso.

Convencido pela proposta do amigo, o camarão aceitou participar da surpresa. Juntos, começaram a trabalhar duro. Selecionaram as frutas mais suculentas, montaram espetinhos coloridos e decoraram o local com folhas de coqueiro e flores marinhas. Quando tudo estava pronto, anunciaram a festa pelo autofalante improvisado do Rio Marapanim:

"Venham todos! Venham participar do nosso piquenique de frutas tropicais!" — gritou o peixe Mero, entusiasmado.

"É de graça! É por nossa conta!" — completou o camarão, simpático.

Os animais marinhos ficaram encantados com o convite e logo seguiram os dois amigos até o Furo-Velho, onde a festa havia sido organizada. Lá, eles se deliciaram com as iguarias preparadas pelo peixe Mero e pelo camarão. O aroma das frutas misturava-se ao som das ondas e ao canto dos pássaros que, curiosos, esperavam na superfície por uma mordida nas frutas – e quem sabe, em algum peixe distraído. A luz do luar iluminava a cena, criando um clima mágico e acolhedor.

O piquenique noturno foi um sucesso absoluto! Os animais elogiaram a criatividade e dedicação dos anfitriões:

"Que comida maravilhosa! Vocês são uns artistas!" — disse uma tartaruga marinha, sorridente.

"Que gentileza de vocês! Vocês são uns anjos!" — agradeceu um golfinho, emocionado.

"Que surpresa incrível! Vocês são uns gênios!" — exclamou um polvo, admirado.

O peixe Mero e o camarão ficaram radiantes com o sucesso da festa. Sentiram orgulho do trabalho em equipe e da alegria que proporcionaram aos amigos. Era uma noite memorável para todos.

No dia seguinte, porém, uma descoberta inesperada mudou o tom da história. Enquanto passeavam pela praia, o peixe Mero e o camarão encontraram uma placa que dizia: "Área de preservação ambiental. Proibida a pesca." Aliviados, perceberam que a ilha era protegida por uma lei que impedia os pescadores de invadirem seu lar.

Olhando um para o outro com gratidão e reflexão, eles compreenderam que tinham escapado por pouco de um perigo que nem sequer imaginavam. A festa, embora maravilhosa, poderia ter atraído atenção indesejada. Eles prometeram ser mais responsáveis e conscientes dali em diante, cuidando melhor da ilha e de seus amigos.

Moral da história:  

Antes de fazer uma festa, pense nas consequências. Divertir-se é importante, mas agir com responsabilidade e consciência é essencial para preservar o que amamos.


Fim


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Projeto Musical e Literário Primolius Nº 0416

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