* Nº 0127 - O BARCO ENCANTADO - SÉRIE: CONTOS FANTÁSTICOS DE MAYANDEUA

 



Era uma vez um jovem rapaz que possuía um barco extraordinário, dotado de poderes mágicos que o tornavam único. Esse barco não era apenas um meio de transporte; era uma chave para mundos secretos, capaz de levá-lo a lugares além da imaginação. Desde a infância, o rapaz nutria um grande desejo: encontrar a lendária ilha mágica, um território envolto em mistério, onde criaturas fantásticas e paisagens encantadas aguardavam aqueles corajosos o suficiente para acessá-la.

Após anos de anseio e preparação, o dia finalmente chegou. Com o coração pulsando de excitação e os olhos brilhando de esperança, ele subiu a bordo do barco e zarpou rumo ao seu destino tão sonhado. Ao alcançar a ilha, a visão que se apresentou a ele superava até mesmo seus devaneios mais ousados. Flores com cores nunca antes vistas brotavam em cada canto, exalando fragrâncias doces que pareciam contar histórias antigas. Árvores majestosas sussurravam lendas esquecidas, enquanto criaturas fabulosas dançavam entre os raios dourados do sol, movendo-se com graça celestial. O rapaz mergulhou nesse mundo mágico com entusiasmo insaciável, descobrindo segredos há muito perdidos e contemplando maravilhas que desafiavam a compreensão humana. Era como se estivesse vivendo um sonho, cercado por um paraíso reservado apenas aos corajosos e curiosos.

No entanto, como toda magia, a ilha também guardava mistérios imprevisíveis. Enquanto explorava uma caverna oculta, algo inesperado aconteceu. A luz suave que antes iluminava seu caminho foi abruptamente consumida pelas trevas. O calor e o brilho da ilha desapareceram, deixando-o em um ambiente frio e silencioso. A caverna transformou-se em um labirinto escuro e ameaçador, e, por mais que tentasse encontrar a saída, o caminho parecia se estender infinitamente. O medo começou a dominá-lo, e, sentindo-se vulnerável e desesperado, ele soltou um grito angustiado por socorro.

Seu grito ecoou pelas profundezas da caverna, mas logo o silêncio voltou a reinar. Sozinho e perdido, lágrimas começaram a rolar por seu rosto. A lembrança da ilha mágica, com toda a sua beleza e esplendor, parecia agora um sonho distante, um reflexo que se dissipava cada vez mais. Ele lamentou ter se afastado do barco, que outrora o protegera e guiara por águas seguras.

Mas então, um som inesperado quebrou o silêncio. Era uma voz suave e cheia de compaixão que ecoava pela escuridão. "Não tema, meu querido. Você nunca esteve verdadeiramente sozinho." Surpreso, o rapaz ergueu os olhos e, no meio da escuridão, viu uma luz radiante. Essa luz pertencia a uma figura de beleza indescritível, envolta em um brilho celestial. Era a fada madrinha do barco encantado, uma entidade etérea cujo olhar irradiava sabedoria e serenidade. Com um sorriso acolhedor, ela falou: "Você é mais corajoso do que imagina. Sua jornada até aqui foi extraordinária, e o que você presenciou na ilha é algo que poucos jamais terão a chance de ver. Você é especial."

Confuso, mas também aliviado, o rapaz perguntou: "Quem é você? Como sabe tanto sobre mim? O que está acontecendo?" A fada madrinha, com sua voz melodiosa, respondeu: "Sou a guardiã do barco encantado, aquela que te guiou desde o início. Cada passo que você deu, eu observei, e cada risco que você assumiu, eu protegi. Trouxe você a esta caverna para que pudesse aprender algo importante."

Intrigado, ele questionou: "Que lição é essa?" A fada, com ternura, explicou: "A vida é uma aventura maravilhosa, e seu valor reside em explorar seus mistérios, enfrentar seus desafios e sempre buscar além do conhecido. O medo faz parte do caminho, mas é através dele que encontramos coragem e novas perspectivas. Nunca tema o desconhecido, pois é nele que as maiores descobertas se revelam. E, acima de tudo, lembre-se de quem você é e de onde veio, pois isso sempre guiará seus passos."

As palavras da fada ressoaram profundamente no coração do rapaz, que, emocionado, respondeu: "Obrigado. Agora compreendo o verdadeiro significado desta jornada." A fada madrinha sorriu com doçura e, com um toque suave de sua varinha mágica, tocou a testa do rapaz, trazendo-lhe uma sensação de paz e clareza. "Seu caminho ainda está repleto de maravilhas. Retorne ao seu barco e continue sua aventura. Lembre-se, estarei sempre com você, em seu coração, onde quer que vá."

Com essas palavras, ele foi envolvido por uma luz cálida e, serenamente, adormeceu. Ao despertar, estava novamente a bordo de seu barco encantado, que flutuava suavemente no mar. Ao longe, a ilha mágica ainda cintilava no horizonte, como um elo entre o sonho e a realidade. Com um sorriso de gratidão, ele murmurou: "Obrigado."

Revigorado e cheio de esperança, ele pegou o leme com firmeza e seguiu em direção ao vasto horizonte, sabendo que muitas outras aventuras aguardavam além das ondas. E assim, sua jornada continuava, sempre em busca do desconhecido, sempre guiado pela coragem e pelo desejo de descobrir mais sobre o mundo e sobre si mesmo.

FIM

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Projeto Musical e Literário Primolius Nº 0127



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