* Nº 0333 - ILHANDO... - SÉRIE: A POESIA DE MAYANDEUA
(Diretamente de Mayandeua)
O rio doma, foz potente
Águas estrangeiras, resguardadas aqui
Na puerícia, a chuva verte sem fim
Marés e rios talham, oh, princesa!
Reis e rainhas nas matas dançam sem parar
Lundus enfeitiçam quadris e pernas no ar
De dezembro a São João, tudo a flutuar
Cheias vêm!
Invernos de maresia, vazantes a pairar
Ilha do Marajó, paixão que inflama
(Dalcídio tinha razão, a alma proclama)
Aves no céu escaldante, brilham em festa
Rios beijados por carpetes verdes
Mandangos no derradeiro da tarde, cores que a alma verte
Caboclo moderno, desta terra é raiz
Ventos guiam a pesca, rumo ao feliz
Búfalos mugem, ecoando em cantos mil
Cerâmicas e histórias, o vaqueiro a rejuvenescer
Comandantes deste seio, oh, Marajó gentil
Milhares de coisas, num turbilhão sem igual
Boto encantado reside, em meio ao matagal
Ilha celibatária, Marajó consorte
Energia labial de histórias, um grande aporte
Capins nas cheias, envoltos em magia
Ninhos de guarás festivos, pura alegria
Vaqueiros aboiam nas margens, cantando à vida
Gados de chifres retorcidos, jornada cumprida
Festas da assembléia "bufalal", tradição que não some
Afuá de palafitas, protegidas sob o dome
Chão nosso, de experiências arriscadas, superadas
Mangue fecundo do Marajó, vida em flor
Aqui o céu é mais estrelado, puro amor
Suspiro poético, em cada verso e tom
Ilha do Marajó, eterno dom
(Dalcídio tinha realmente razão, em cada coração)
E eu por aqui...
"Mayandeuando" no pensamento, sem nunca ter fim...
FIM
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Projeto Musical e Literário Primolius Nº 0333


