Nº 0335 - FOGUEIRAS DO NORTE - SÉRIE: CRÔNICAS DE MAYANDEUA



Quando as fogueiras iluminavam as noites de São João com alegria, todas as crianças acreditavam que cada fogueira trazia um novo amor. Era um breve momento de felicidade na pequena cidade do interior. Ao saltar entre as fogueiras de amores, todos reverenciavam o momento certo para um beijo, um sorriso ou um toque de mão. O primeiro beijo… E unidos por pares de sorrisos, todos se deliciavam com o mingau de milho à porta dos casarões coloniais.

Quando as fogueiras ardiam no arraial, todos queriam se aquecer e conversar com os amigos de estrada. Quiçá, ouviam-se gargalhadas dos adultos. E, ao som do coaxar dos sapos, o pequeno riacho refletia os fogos de artifício em sincronia com mais um estouro de amor.

Quando as fogueiras animavam a noite, ouviam-se ao longe as danças de quadrilha na vozearia das moças e rapazes dançando no terreiro de alegria. E, no caminho dos pares adornados com cores cintilantes, os dançarinos com suas roupas listradas e chapéus de palha traziam ao peito a festa do santo bendito.

Neste compasso de fumaça e perfume, sentia-se nos olhares joviais a certeza de que tudo aquilo era emocionante. Quando as fogueiras despertavam o interesse dos meninos do fogo, tudo era claro na noite estrelada pelas damas da fogueira de ouro.

Quando elas voltarem, seremos novamente os verdadeiros personagens das danças festivas em pares. E, no terreiro da minha consciência, estará o menino de botas surradas pulando as fogueiras nas noites de São João.

- Explosiva Saudade!


FIM 

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Projeto Musical e Literário Primolius Nº 0335


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