AMOR DE INFÂNCIA Nº 356 - POEMA
Carta- Poema (Direto de Mayandeua)
Do último beijo...
Entre o portão quebrado...
A entrada da igreja tão cercada por flores e samambaias...
Adormeci na piedade dos sonhos dos felizes,
Contratempos de minha vida,
Os versos improvisados nos quintais de minha infância.
E por entre as mãos suadas...
Escrevi nas calçadas de barro e de cimento,
Os segredos de ator infantil...
Numa sequência mímica,
Os confusos trejeitos sentimentais.
Veio o frio das chuvas,
O primeiro amor,
A primeira liberdade...
E outros sentimentos de homem...
O tempo chegou rasgando a seda de muitos sonhos,
Dizimando assim...
Tantas conquistas nos quintais de meu tempo...
E as chuvas de março,
Chegaram juntamente com a responsabilidade que eu tanto temia.
Hoje, os pés não mais descalços ou furados,
Passaram a sujeitarem-se nos caminhos de outras jornadas...
Em uma nova forma de viver...
Por entre um mundo sem goiabeiras ou jaqueiras.
Assim, desisti da minha infância...
Com dezenas de beijos nos passarinhos que matei...
Pura emoção da liberdade nestes quintais frutíferos.
Talvez eu seja realmente o epílogo da meninice...
E nestes fecundos momentos de atrativos coloridos,
O tempo convertesse em memórias curtas,
E as palavras são puramente mentirosas.
Os cheiros não mais os mesmos nos quintais,
A vida em si preocupasse em outras ações...
A modernidade não conhece estes lugares.
Enterrei a minha alma,
Em algum quintal de minha infância...
E todos os meus segredos de minha prematura meninice...
Com a esperança que alguém um dia possa encontrá-lo,
Para acalentar este mundo tão cheio de quintais de pedra.
Ainda sinto o cheiro das mangueiras e jaqueiras...
E as chuvas são as verdadeiras testemunhas...
Deste tempo de serenidade e fecundidades.
(Velhos quintais coloridos de cheiros).
Para não se esquecer de minha poesia infantil...
Desenhei um mapa de tesouro em um caderno,
E o primeiro sentimento foi “caligrafado” com carinho...
Introduzindo assim a poesia ao meu primeiro amor,
- Os quintais amazônicos...
FIM
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Projeto Musical e Literário Primolius Nº 356