* Nº 0116 - O CAVALO BRANCO DE ALGODOAL - SÉRIE: CONTOS FANTÁSTICOS DE MAYANDEUA
Assim Primolius relatou:
Nos primórdios de Mayandeua, a ilha era uma vasta e imponente mata, onde poucos ousavam adentrar. Todos que a visitavam sentiam que ali residia um encanto especial, uma magia que parecia emanar de cada árvore, rio e lagoa. Com o passar do tempo, contudo, as primeiras moradias começaram a surgir, trazendo consigo os primeiros habitantes. Pouco a pouco, dezenas de pessoas chegaram à Vila, estabelecendo suas casas e raízes naquela terra misteriosa. E com esses pioneiros vieram também histórias e lendas que se entrelaçaram ao tecido da vida local.
Entre essas narrativas, destacava-se a do **Cavalo Branco**, cuja presença intrigava a todos. Curiosamente, naquela época, não havia cavalos em Mayandeua. Ainda assim, muitos juravam ter visto aquele animal extraordinário percorrendo as dunas e praias da ilha.
Segundo as famílias mais antigas, o Cavalo Branco surgia nas dunas sob a luz da lua cheia. Sua pelagem reluzia como prata líquida, tão clara e brilhante que parecia iluminar a noite ao seu redor. Os moradores preparavam porongas e lamparinas com entusiasmo durante essas noites especiais, pois sabiam que o cavalo apareceria para realizar seu espetáculo ritualístico. Ele troteava pela praia, exibindo sua majestade, até finalmente entrar na principal rua da Vila, desaparecendo como um sopro de vento ao amanhecer.
Às vezes, diziam que ele era conduzido por um cavaleiro misterioso, cuja identidade permanecia envolta em mistério. Juntos, eles atravessavam a vila, deixando um rastro de força e proteção. Muitos acreditavam que o Cavalo Branco trazia poder e coragem para os moradores, afastando energias negativas que pudessem vir do mar ou da terra. Para outros, ele era um guardião ancestral, protetor das almas que viviam sob o céu de Mayandeua.
Uma velha camaleoa, conhecida por sua sabedoria, afirmava que o Cavalo Branco lembrava o lendário corcel de São Jorge, e que suas aparições coincidiam com as marés fortes da lua cheia. Outros ainda contavam que aquele cavalo era o fiel companheiro de um nobre cavaleiro que fizera uma promessa ao grande Rei Encantado: proteger a Princesa da ilha, guardiã dos segredos e da harmonia de Mayandeua. Mas essa é uma história que Primolius deixará para outra ocasião.
(Quando será que este cavalo e seu cavaleiro irão voltar? Talvez, nas próximas noites de lua cheia, quando as marés trouxerem novamente seus ecos mágicos...)
Assim termina mais um relato de Primolius, deixando no ar o eco de lendas que continuam vivas na memória e nos corações daqueles que amam Mayandeua.
FIM
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Projeto Musical e Literário Primolius Nº 0116