EPITÁPHIO DE UMA FORMIGA DE PRAIA Nº 243 - POEMA






Jaz aqui, neste pedaço de terrinha.
A senhora formiga de graúdas forças.
Suas jornadas de caminhos desertos acabaram...
Soube lisonjear por muito tempo este humilde quintal de areia branca.

Seguidora das ordens reais,
Marés, Chuvas e o próprio vento...
Trabalhou no santuário de sua sociedade de Veraneios...
Muitas irmãs seguiram-na em seus momentos difíceis de labutação...
Cultuou a Dama endeusada,
Desdenhou do Homem enfermo...
E causou muitas marcas vermelhas nas peles daqueles que ousavam passar em seu caminho.

Jaz aqui, neste pedaço de quintal Mayandeuense...
A senhora desnuda de patas oriundas de uma força natural...
Mostra no agora para os que ficam...
O seu dorso de proletária natural...
Honrosa serviçal que ousou entrar e navegar por aí...
Neste plano de chão que agora irá afagá-la.
Jaz aqui, a navegadora das superfícies do Norte...
Eis aqui, a minha e a tua formiga destes quintais de coqueiros...
Honramos-te por tua coragem, nesta hora de reflexões.

Tuas irmãs irão te carregar nos ombros,
Não pela labuta, mas pela sina de sobrevivência.
E certamente trilhões te aguardarão no paraíso de outros quintais celestes...
Descanse em paz...
Outras formigas seguirão a tua história.

- Mais um dia poético no fundo de um quintal.

FIM

Copyright de Britto, 2021
Projeto Literário e Musical Primolius N° 243

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