* N° 0098 - PINTADO - O COELHO - SÉRIE: CONTOS AMBIENTAIS DE MAYANDEUA
Era uma manhã tranquila, quando, inesperadamente, por entre as dunas, surgiu um pequeno e tímido coelhinho. Sua pelagem macia e alva brilhava sob o sol de julho, mas havia algo triste em seus olhos redondos e inquietos. Ele havia sido deixado para trás por seus antigos donos, que, por alguma razão, abandonaram o lugar sem levá-lo consigo. O nome da ilha era Mayandeua, um local de beleza exuberante mas, para o coelhinho, aquele paraíso parecia agora um mundo estranho e solitário.
Sentindo a ausência de sua família, o coelho, que mais tarde seria conhecido como “Pintado”, compreendeu que precisaria encontrar uma maneira de sobreviver por conta própria. Ele sabia que a cidade, com suas luzes e movimento, poderia oferecer mais oportunidades para um coelho sozinho. Assim, apesar de seu medo e incerteza, ele tomou uma decisão corajosa: deixaria aquele lugar.
Com seu coração acelerado, Pintado avistou uma pequena canoa amarrada à beira da praia e decidiu embarcar. A canoa, movida pela correnteza suave, começou a deslizar pelas águas claras, afastando-se cada vez mais da Vila de Algodoal. O coelhinho observava as margens que se distanciavam, enquanto o mar parecia acolhê-lo em um abraço tranquilo. No entanto, o destino tinha outros planos para ele.
A canoa, seguindo a maré, o conduziu até a Praia da Princesa, um lugar de rara beleza, onde as areias brancas encontravam o mar azul-turquesa, e as palmeiras balançavam suavemente ao vento. Pintado, impressionado pela serenidade e pelo encanto daquele novo cenário, decidiu que ali seria o seu novo lar. Ele desembarcou e, com seus pequenos saltos, começou a explorar o lugar, sentindo uma sensação de paz que não experimentava há tempos.
Os dias se passaram, e Pintado, agora mais confiante e adaptado ao novo ambiente, fez muitos amigos entre os habitantes da ilha. Ele conheceu outros animais, como tartarugas, pássaros coloridos, e até mesmo alguns caranguejos curiosos. A sua bondade e o seu jeito carinhoso logo conquistaram a todos, e o coelhinho passou a ser uma figura querida por todos que visitavam ou viviam na ilha.
Com o tempo, os moradores de Mayandeua perceberam que Pintado tinha um talento especial: ele possuía um cuidado natural com os animais que, assim como ele, haviam sido deixados para trás na ilha. Sua sensibilidade e dedicação o tornaram uma espécie de guardião, responsável por cuidar dos animais que eram esquecidos ou abandonados. Sob sua vigilância, nenhum animal ficava desamparado.
E assim, o coelhinho que um dia foi deixado à própria sorte, transformou-se em uma figura emblemática de Mayandeua. Pintado não só encontrou um novo lar, mas também um propósito que enchia seu coração de alegria. Essa é a hiatória do “Pintado”, o coelho de Mayandeua, que nos ensina que, mesmo nas situações mais difíceis, é possível encontrar um lugar ao qual pertencemos e fazer a diferença na vida daqueles que encontramos pelo caminho.
- Dizem que em Camboinha tem um coelho que é o seu primo...
- Mas esta será uma outra história!
FIM
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Projeto Musical e Literário Primolius Nº 0098


